Redação AI (21/03/06)- Os moradores de Chapecó não terão de se preocupar com o almoço no dia 12 de abril. No centro da cidade, ao ar livre, serão assadas e distribuídas para a população duas toneladas de frango, um dos principais itens de exportação das agroindústrias catarinenses, que vive uma séria crise devido à queda das vendas externas provocada pelo surto de gripe aviária. “Queremos mostrar que o nosso produto é saudável e de qualidade”, afirma Osvaldo Mafra, secretário-geral da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Carne de Santa Catarina.
Em reunião realizada ontem, com sindicalistas e patrões, a Força Sindical decidiu realizar a churrascada de frango para chamar a atenção das autoridades. “Com o produto represado devido à queda das exportações, o excesso de oferta no mercado interno fez o preço cair muito”, explica Mafra. Segundo ele, uma agroindústria do oeste catarinense já colocou 300 funcionários em férias coletivas na semana passada e outra deve fazer o mesmo nos próximos dias. Se nada for feito para reverter esse quadro dentro de 60 a 80 dias, diz ele, as demissões devem começar. Toda a cadeia produtiva, de acordo com Mafra, gera entre 50 mil a 60 mil empregos diretos e de 170 mil a 200 mil indiretos.
Os trabalhadores querem que os governos federal e estadual adotem medidas que possam minorar o efeito da crise. Entre as reivindicações estão a redução de tributos para que as empresas possam continuar operando sem recorrer às demissões, além de crédito subsidiado aos pequenos e médios empresários; campanha de esclarecimento sobre consumo de aves e riscos para a saúde e medidas fitossanitárias eficientes para o caso de epidemia.
Antes de servir o frango, na manhã do dia 12 deve ser realizado o Fórum Nacional sobre a Gripe Aviária. A estimativa é de que já houve uma redução entre 15 e 25% da produção de frangos no Estado, que é o segundo maior produtor e o principal exportador do País, respondendo por quase 30% do total vendido ao mercado externo.
Apoio das autoridades
O presidente nacional da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, esteve ontem em Santa Catarina buscando apoio das autoridades locais para a campanha que combate as demissões na agroindústria em função da gripe aviária. Ele diz que mesmo sem a entrada da doença no Brasil, a produção do frango já apresenta queda e, apenas em Santa Catarina, mil pessoas teriam sido demitidas nos últimos 20 dias.
“Neste próximo mês, podem ocorrer entre 10 mil e 15 mil demissões no Estado”, alerta. Os números não são confirmados pela Secretaria da Agricultura. Paulinho, que também é presidente do PDT em São Paulo, almoçou com o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que se comprometeu em apoiar a causa do setor na campanha nacional. A idéia da Força Sindical é mobilizar os trabalhadores em manifestações locais e buscar a negociação junto ao governo federal, propondo a redução de impostos