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Cientistas debatem gripe aviária em Curitiba

<p>Encontro aconteceu sábado (18).</p>

Redação AI (20/03/06)- Cientistas de diversos países participaram ontem, em Curitiba, de uma reunião para discutir estratégias mundiais de prevenção e de ação diante do risco de uma pandemia (epidemia em escala global) da gripe aviária (também conhecida como gripe de frango).

Essa foi a principal reunião que antecedeu a 8Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), que começa hoje e termina no dia 31.

É uma reunião prévia de grande importância. A última pandemia foi a gripe espanhola, em 1918, que matou 30 milhões de pessoas, declarou o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marcus Barros, que é também infectologista e acompanha a reunião como observador.

Barros contou que o Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres (Cemave), um centro especializado do Ibama, está trabalhado no monitoramento de movimentos migratórios de pássaros que possam trazer a gripe aviária para o Brasil. Ele afirmou ainda que essas migrações se intensificam em setembro.

Corremos todos para olhar o processo migratório das aves como principal causador da propagação da gripe aviária pelo mundo. Mas nesta reunião já ficou claro que isso é um erro, comentou o presidente do Ibama. Um dos cientistas perguntou como o processo migratório das aves pode explicar a gripe aviária na Nigéria, que fica no oeste da África? Não existe processo migratório da Turquia e do Egito (países onde a doença chegou antes) para a Nigéria, explicou.

Nas apresentações dos especialistas, ficou claro que o transporte de aves em aviões tanto o comércio legalizado quanto o ilegal são um grande fator de risco, talvez o maior, para a pandemia.

O gerente de Controle Sanitário em Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Rodolfo Nunes, fez uma apresentação sobre o que o Brasil tem feito para evitar que entrem no território nacional pássaros ou pessoas contaminados pelo H5N1 (tipo de vírus causador da gripe aviária).

A gente tem alertado especialmente os viajantes brasileiros que vão para áreas de risco, como Europa, partes da África e da Ásia, dando-lhes material informativo sobre os cuidados que devem tomar para não se exporem à doença, disse Nunes.

O gerente da Anvisa disse que desde dezembro de 2003 o Ministério da Saúde coordena um comitê técnico de preparação de um plano de contingência. Hoje o plano já está na sua terceira versão. Estudamos os planos da Inglaterra, do Canadá, de Singapura, da Itália e do Uruguai, contou.

Hoje o mundo inteiro está em situação de alerta, porque a doença já passa de aves para humanos, embora o vírus não se adapte bem em pessoas. Se ele sofrer mutação e começar a ser transmitido de seres-humanos para seres-humanos, entraremos na situação de emergência máxima.

Hoje, já durante a COP8, os cientistas devem apresentar algumas recomendações resultantes desta reunião. Uma delas deve ser a de que todos os 188 países signatários da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) formem comitês nacionais para a trocas de informação sobre a doença.

Atualmente, a notificação dos casos à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Organização Internacional de Epizootias (OIE, uma organização internacional de saúde animal) já são obrigatórios.