Redação AI (10/03/06)- O risco de gripe, no entanto, não está somente nas aves migratórios, mas também em galos de briga vindos da Ásia. Os galos fazem parte de um comércio ilegal milionário, que oferece grande risco de propagação da doença.
Especialistas divergem sobre a possibilidade do letal vírus H5N1 chegar ao continente americano. Para a diretora do Centro Federal de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Julie Gerberding, a chegada da gripe é certa. “Devemos esperar a chegada aos Estados Unidos de uma ave infectada com este vírus e esperamos que o governo americano tome as medidas necessárias para se preparar o melhor possível”, disse a pesquisadora a congressistas no início deste mês.
Rumo ao Brasil
As andorinhas azuis e de outras espécies, que até dois meses acreditava-se tinham morrido por ocasião da passagem de furacões pelos EUA, iniciam seu vôo rumo ao Brasil dentro de quatro meses, no mês de agosto, com a aproximação do inverno no Hemisfério Norte.
A viagem leva 60 dias e tradicionalmente se encerra no Estado de São Paulo, nas cidades de São José do Rio Preto, Rio Claro, Piracicaba e também na Capital, entre outras. Elas escolheram estas cidades em razão da disponibilidade de alimentos (frutas e sementes) características das regiões.
Entidades como a Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta) tentam minimizar a chegada da gripe de aves no País. Também a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tenta afastar temores de que a gripe possa atingir o Brasil em setembro. De qualquer maneira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) possui em audiência pública um plano de contingenciamento para evitar e combater a possibilidade de gripe.
O ornitólogo Dalgas Frisch também vê como pequena a possibilidade de uma andorinha infectada, e por isso debilitada, chegar ao Brasil. Apesar disso, grandes empresas que lidam com aves e dependem de uma imagem impecável para seu negócio, com a Sadia, já se anteciparam e tem data contada para adequar-se ao plano de contingenciamento do governo. Além disso, especialistas ligados a empresas vêem risco em qualquer situação. “Qual o risco de uma andorinha pousar em um galinheiro? ou atravessar o golfo do México mesmo debilitada? Quem pode dizer que é zero?”, disse a fonte.
“Infelizmente, há um problema que não é recente e que não é regional. Se você não respeita a rota das aves e destrói seu alimento, no decorrer dos anos elas estão debilitadas e comendo em lixões, como ocorre no Europa. E aí, contrair vírus ou mutações dele é infinitamente mais fácil”, disse Dalgas Frisch. Responsável pela construção de três dos maiores parques mundiais feitos para aves no País e um dos profissionais mais respeitados no País.
O governo chinês, de costumes fechados, está pedindo ajuda internacional e tentando mostrar transparência no combate de um vírus que pode matar milhões de pessoas, não apenas animais, no mundo. O número de mortes humanas encosta em 100 no globo. Na Alemanha o número de gatos mortos com mutações do H5N1 é de três em quinze dias.
Para a economia mundial, em que um registro de suspeita da gripe pode barrar o comércio de aves, a transparência em combater uma realidade poderá ser a melhor estratégia empresarial e nacional.
Prontidão
No dia 21 deste mês deverá terminar o período de consulta pública do Plano Nacional de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle e de Prevenção da Influenza Aviária. O documento busca, em linhas gerais, trazer a regionalização da produção industrial e da criação de aves nos estados. O objetivo é ter a possibilidade de um isolamento ágil no caso de um foco de gripe.
O programa terá dentro de seu corpo funcional profissionais da iniciativa privada e também coordenadorias gerais de apoio laboratoriais.
O documento também prevê fiscalizações periódicas nos estados a partir desta regionalização. As grandes empresas do setor alimentício que lidam com as aves já estão se adequando à regra antes mesmo de sua oficialidade.