Redação AI 05/08/2005 – O Brasil pretende mostrar à Comunidade Européia que é possível utilizar a mesma cama nos aviários para a produção de vários lotes de frangos. Com a coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), empresas de pesquisa como a Embrapa Suínos e Aves, que é vinculada ao ministério, e instituições que representam a iniciativa privada, como a União Brasileira de Avicultura (UBA), vão montar um manual sobre as boas práticas de produção envolvendo a cama de aviários. “Temos um clima que permite aviários abertos, por exemplo. Nas nossas condições de produção é possível reutilizar a cama sem problema”, garante o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Suínos e Aves, Cláudio Bellaver.
A reutilização da cama de aviário vem sendo questionada pela Comunidade Européia, que ameaça restringir as importações de carne de frango do Brasil por esse motivo. De acordo com Ariel Mendes, vice-presidente técnico-científico da UBA, é necessário mostrar que a produção de frango no Brasil é diferente da européia e que vem dando certo há muitos anos utilizando o modelo em que a cama é usada por mais de um lote. A publicação das boas práticas da reutilização da cama dará o aval científico e esclarecerá aos produtores sobre o padrão de uso que não representa riscos para a produção.
Em média, os produtores brasileiros utilizam a mesma cama para criar cinco lotes. O objetivo do uso da cama de aviário é evitar o contato direto da ave com o piso, servir de substrato para a absorção da água, incorporação de fezes, urina e penas e contribuir para a redução das oscilações de temperatura no aviário. O material normalmente utilizado pelos produtores é a maravalha, um resíduo da industrialização da madeira. Em menor escala são usadas ainda casca de arroz, casca de café e outros materiais alternativos, dependendo da região do País.
Para Cláudio Bellaver, reutilizar a cama do aviário significa uma redução nos custos de produção e uma vantagem competitiva. “Como nosso clima é favorável, não temos a incidência de doenças e o manejo por parte dos produtores é normalmente de boa qualidade, não há motivos para alterar o modelo praticado atualmente”, afirma o pesquisador. Bellaver acredita que em breve será iniciada a discussão sobre a definição das boas práticas de reutilização da cama de aviário. “Num segundo momento, a Embrapa Suínos e Aves pretende editar manuais, vídeos e outras publicações para levar a todos os segmentos da cadeia produtiva o padrão correto de reutilização da cama”, antecipa o pesquisador.