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Preço do milho recua até 13% em junho

Estoque longo, clima favorável à safrinha e redução de cotações em Chicago pressionam o grão.

Da Redação 14/06/2004 – 06h21 – Após quatro meses de alta, os preços do milho começaram a recuar nas principais regiões de comercialização do país. No oeste do Paraná, as cotações ao produtor caíram 13% desde o início do mês, e as cooperativas pagam atualmente R$ 16,50 pela saca de milho ao produtor. No fim de maio, eles recebiam R$ 19,00.

Levantamento do Deral – Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Estado, mostra que o produtores paranaenses receberam, na semana passada, em média, R$ 17,60 por saca. A média em maio foi de R$ 18,96. Na terceira semana de maio chegou a R$ 19,00, em média, observa Richardson de Souza, agrônomo do Deral.

No Centro-Sul do país, a média dos preços do milho no atacado nos primeiros dias de junho ficou em R$ 19, contra R$ 20,05 em maio, queda de 5,2%, segundo a Safras&Mercado. Apesar da queda, os preços ainda são remuneradores em comparação com igual período de 2003, segundo Paulo Molinari, analista da Safras. Em junho de 2003, o preço médio da saca ficou em R$ 16,20.

Souza, do Deral, afirma que a alta dos últimos meses foi provocada por indefinições em relação ao desenvolvimento da safrinha, já que houve seca no plantio. Mas o clima melhorou e, agora, a expectativa é de “safrinha cheia”, segundo fonte de uma cooperativa. O Deral prevê produção entre 3,75 milhões e 4,080 milhões de toneladas no Paraná contra 6 milhões de toneladas em 2003/04.

Conforme Molinari, “criou-se uma forte expectativa de que as geadas prejudicariam as lavouras, sobretudo no Sul do país.” Mas as recentes quedas de temperatura não chegaram a afetar o desenvolvimento da safrinha, diz. “Mas ainda há possibilidade de frio intenso nos próximos dias.” Souza, do Deral, concorda que o risco existe já que as lavouras estão em fases suscetíveis.

A expectativa da Safras & Mercado é de que a safrinha alcance 10,6 milhões de toneladas no país. “Se as geadas não forem intensas, a colheita poderá ser até maior”, afirma Molinari.

Outro fator que pressiona as cotações do milho são os estoques longos nas mãos de produtores, que seguraram as vendas à espera de melhores preços, afirma fonte de uma cooperativa.

A desvalorização dos preços da soja nos mercados doméstico e internacional também pressiona. “Com a queda de liquidez da soja, os produtores começaram a ofertar o milho no mercado, o que ajudou a pressionar os preços”, avalia Paulo Molinari.

Um analista lembra que o recuo da soja na bolsa de Chicago também “contaminou” o mercado de milho. A redução dos preços em dólar tornou as exportações brasileiras do grão menos atraentes, apesar da desvalorização do real ante a moeda americana. Na sexta-feira, o milho no transferido de Paranaguá estava em R$ 21,50 por saca contra R$ 24,00 no começo do mês, informou uma cooperativa.

Segundo Molinari, as exportações brasileiras de milho ajudaram a dar suporte aos preços nos primeiros meses do ano. Até abril, os embarques atingiram 2 milhões de toneladas, ante 448 mil de toneladas do mesmo período do ano passado. A expectativa é de que em maio as vendas externas fiquem entre 200 mil a 250 mil toneladas, informa. “O Brasil está aproveitando a entressafra da Europa, que teve quebra de produção. A partir do segundo semestre, as exportações tendem a se reduzir, com a entrada da nova safra do Hemisfério Norte.”