Redação AI 06/06/2003 – O governo brasileiro está negociando alternativas para ampliar o acesso do frango brasileiro ao mercado da Rússia, país que desde 1 de maio último adotou regime de cotas de importações para o produto. Uma das possibilidades em discussão com o governo russo é a substituição do atual regime de cotas fixado por país de origem por uma cota global geral, a ser disputada e preenchida pelos países exportadores que mostrarem maior competitividade, como ocorre com o Brasil. Com isso, o País acredita aumentar suas chances de elevar os volumes de exportação, pelo menos mais do que os atualmente fixados.
Com a entrada em vigor do sistema russo de cotas, as exportações do produto brasileiro para aquele mercado, que atingiam média de 25 mil toneladas por mês, despencaram em maio último para apenas quatro mil toneladas, segundo levantamento realizado pelo vice-presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas Exportadoras de Frangos (Abef), Cláudio Martins.
No sistema russo de contingenciamento, com vigência prevista de quatro anos, coube ao Brasil uma cota de 33,3 mil toneladas, a ser cumprida entre maio e dezembro deste ano. Ou seja, uma cota total brasileira, para 2003, apenas ligeiramente maior que os volumes até então exportados pelo Brasil a cada mês para a Rússia. Em 2002, as vendas de frango brasileiro para o mercado russo atingiram cerca de 300 mil toneladas.
A questão é objeto de preocupação do governo brasileiro e foi tema tratado pelo ministro do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior (Mdic), Luiz Fernando Furlan, em missão à Rússia no mês passado.
Segundo Martins, o governo russo acenou com a possibilidade de vir a adotar um sistema de cota geral (em substituição a cotas por país de origem) a partir de 2004. Mas, há ainda alguns espaços para ampliar a presença do produto brasileiro na Rússia ainda neste ano, acredita o dirigente da Abef.
Isso porque, segundo ele, a Rússia teria ainda para distribuir este ano, a partir de agosto, uma cota de 150 mil toneladas. E há negociações para que esse volume seja colocado sem seguir o critério de cota por país de origem. Ou seja, ele seria disputado no mercado pelos diversos países exportadores.Mas enquanto isso não acontece, os exportadores brasileiros não descartam a possibilidade de revisões para baixo nas suas metas de vendas para 2003.
As estimativas originais eram de que as exportações para este ano seriam 10% maiores do que o volume de 1,6 milhão de toneladas embarcado em 2002. Os volumes até então previstos pelo setor apontavam para uma alta de 15% sobre os US$ 1,4 bilhão registrados no ano passado. O fato é que os volumes de exportação, que vinham crescentes mês a mês, começam a dar sinais de perda de fôlego, diz Martins.
Suínos
Cláudio Martins, também dirigente da Associação Brasileira das Indústrias de Carne Suína (Abics), diz que o setor analisa com o governo proposta para a criação de uma espécie de sistema de retenção de carne suína, a fim de enxugar a oferta do produto no mercado e recuperar preços. Uma das idéias em análise seria o estabelecimento de preço mínimo para o produto, garantido pelo governo.
kicker: Brasil quer revisão do sistema de cotas para aumentar a competição naquele mercado.