Da Redação 21/08/2002 – O excesso de oferta de carnes suína, de frango e bovina no mercado interno, reflexo do otimismo que tomou conta de produtores e empresários depois da explosão de exportações do ano passado, tornou-se uma dor-de-cabeça para os suinocultores e para as agroindústrias catarinenses. Responsáveis por um quarto da produção brasileira, os armazéns do estado estão lotados e, os preços, continuam em queda.
“As empresas aumentaram a oferta para ter maior participação no mercado, mas houve um exagero”, diz Jurandi Machado, técnico do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa). Segundo ele, a oferta de carnes atingiu 800 mil toneladas – 300 mil de frango, 300 mil de bovinos e 200 mil de suínos.
Expansão do mercado
A solução, diz Machado, seria a redução do número de matrizes no campo. Ainda assim, segundo ele, o efeito da medida apareceria apenas no médio prazo. “Os efeitos de uma decisão como essa só serão sentidos em dez meses. Enquanto isso, o único remédio para o problema é a expansão do mercado.”
Enquanto nada acontece, os produtores reclamam. “Temos prejuízo de aproximadamente R$ 50 por suíno vendido”, diz Edemar Dellagiustina, presidente do Sindicato Rural de Braço do Norte. O problema é tão sério, diz ele, que os produtores da cidade – que fica no sul catarinense e apresenta a maior concentração de suínos por quilômetro quadrado do País – tentaram chamar a atenção das autoridades com a distribuição de carne em praça pública no último domingo. A manifestação só não ocorreu por acaso.
Segundo o Icepa, o custo de produção de um quilo de carne suína, que variava entre R$ 1,14 e R$ 1,26 em 2001, gira agora entre R$ 1,37 e R$ 1,51, por conta da alta do custo do milho. O produtor recebe entre R$ 1,10 e R$ 1,20 pelo quilo do animal vivo. Em 2001, quando o mercado estava aquecido, o quilo estava em R$ 1,50.
Na indústria, o problema é de excesso de estoque. Segundo o Sindicato da Indústria de Carnes de Santa Catarina (Sindicarne), há 50 mil toneladas de carne suína armazenadas no estado. Para resolver o problema, as empresas negociam com a Associação Catarinense de Supermercados (Acats) uma campanha conjunta para aumentar a demanda pelo produto. O assunto ainda está sendo discutido, mas ações de estímulo ao consumo da carne devem começar em breve.
De concreto, os produtores conseguiram a promessa de que os supermercadistas repassarão ao preço final dos produtos todos os descontos que obtiverem das indústrias.