Redação AI 15/10/2002 – Trabalhando com margens cada vez menores, principalmente em função da alta de 80% nos preços do milho, a avicultura brasileira pensa em fazer valer a lei que prevê o confisco de estoques do grão em poder de atravessadores e especuladores.
A Lei Delegada n 4 prevê a garantia do insumo para os criadores, acabando com a especulação dos preços, segundo o coordenador do Grupo de Acompanhamento das Tendências do Mercado de Frango da União Brasileira de Avicultura (UBA), Paulo Velin.
Segundo Velin, a liberação da importação de milho transgênico também amenizaria o problema da falta de oferta do grão.
Tivemos redução de safra e aumentamos a exportação. O País está desabastecido.
O grupo coordenado por Paulo Velin se reúne hoje em São Paulo com representantes de todo o setor com a finalidade de encontrar uma solução para reverter a previsível falta do insumo.
Durante o encontro, além da questão do milho transgênico e do confisco dos estoques, será debatida a liminar que proibiu a importação do insumo.
Os setores da avicultura e suinocultura estão impedidos de importar o grão por decisão judicial. As autoridades do executivo estão sensibilizadas para o risco de faltar milho, mas não possuem poder para revogar a decisão. É na esfera judicial que reside a solução para o problema, afirma Velin.
A Central de Informação Avícola (CIA), como é conhecido o grupo da UBA, não é a favor de milho barato que desestimule o produtor.
Segundo Velin, a solução para o problema do preço do frango é parar de vender a ave por valores irrisórios, devido ao excesso de oferta no mercado.
Se o setor avícola quiser tentar cobrir pelo menos os aumentos de milho e soja, terá que comercializar acima de R$ 2 o quilo do frango abatido.
Além disso, a oferta do produto terá que ficar abaixo de 285 milhões de pintos, segundo dados da CIA.
Na semana passada, apesar de o setor haver sinalizado alguma melhora, a maior parte dos negócios foi realizada ao preço médio de R$ 1,30/kg.
Mas os preços não se sustentaram e, esta semana, já caíram para R$ 1,25/kg, valor 4% superior ao de um mês e 38% mais alto que o de um ano atrás.