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Produção de milho será insuficiente

A falta de milho ocorrerá em pontos específicos do País, afetando principalmente as regiões Nordeste e Sul.

Da Redação 06/11/2002 – Governo e empresários estão certos de que será necessário importar milho para suprir escassez do produto em janeiro, uma vez que a produção brasileira da safra passada já é considerada insuficiente para atender à demanda e o plantio da safra 2002/03 está atrasado devido à estiagem. A falta de milho, porém, ocorrerá em pontos específicos do País, afetando principalmente as regiões Nordeste e Sul, e somente a partir da segunda metade de janeiro.

O titular da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Célio Porto, discutiu ontem em Brasília o problema com representantes do setor privado e autoridades das regiões onde a falta de milho causará impactos mais fortes.

Plantio atrasado

“A única saída é a importação”, disse o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, José Hermeto Hoffmann, admitindo que o plantio de milho em terras gaúchas já está atrasado e que isso prejudicará o cultivo do milho safrinha.

O Ministério da Agricultura trabalha com a hipótese de pequeno desabastecimento no final de janeiro e reequilíbrio da oferta a partir de fevereiro, quando deve começar a colheita da nova safra. O déficit no abastecimento de milho é estimado entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas.

Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento indicam que a produção de milho de 36 milhões de toneladas é insuficiente para atender à completa demanda da indústria de aves e suínos, que cresceu 11% este ano, na comparação com igual período do ano passado.

A restrição na oferta de milho no mercado já causou impacto nos preços. Hoje, a saca com 60 quilos do produto está sendo negociada por valor entre R$ 25 e R$ 27, segundo informações dos técnicos do ministério.

Célio Porto admite que a alternativa é a importação, mas alerta que é preciso obter no mercado internacional milho que não seja geneticamente modificado, uma vez que o consumo de variedades transgênicas de grãos, no Brasil, está sob questionamento na Justiça. Os possíveis fornecedores de milho tradicional seriam China, Paraguai e Argentina.

Iniciativa privada

O Ministério da Agricultura, porém, não pretende realizar importações, deixando tal tarefa – caso considerada realmente necessária pelos produtores – ao setor privado. Segundo Célio Porto, a medida que está sendo estudada é lançar contratos de opção para estimular o cultivo de outro grão, o sorgo, na safrinha, em substituição ao milho. O sorgo é uma cultura com produtividade um pouco mais baixa que a do milho, porém de cultivo mais rústico, e poderia suprir a demanda da indústria de aves e suínos.

Variedade certificada

É praticamente certo, porém, que ao exigir variedade não-transgênica certificada, o comprador brasileiro terá de pagar aproximadamente 10% a mais que os preços internacionais, segundo informação do secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul.

Hoffmann criticou a condução da política agrícola, que não incentivou a formação de estoques e permitiu a exportação de 2,2 milhões de toneladas de milho somente este ano. Dessa forma, considerando uma cotação do dólar de R$ 2,70 por real, o preço de cada saca poderia atingir R$ 30.