Redação AI 03/12/2002 – O frango brasileiro quer levantar ”vôo” e aposentar de vez o estigma de produto barato a partir do próximo ano. Diferente do que aconteceu no passado, quando ancorou o Plano Real, a avicultura nacional busca melhor remuneração para os produtores por meio das exportações, em particular para a Rússia.
A intenção dos produtores de aves é elevar o preço do frango em mais de 66,6%, passando dos atuais R$ 1,20/quilo para entre R$ 1,60 e R$ 2,00 o quilo.
“O frango não pode carregar os problemas do Brasil com a fome. Os avicultores também precisam pagar suas contas”, afirma o presidente da União Brasileira de Avicultura (Uba), Zoé Silveira d”Avila.
Apesar de a União Européia elevar a tarifa de importação sobre o peito de frango salgado para 75%, vetando o embarque de boa parte do produto, Silveira estima ampliar, no próximo ano, as vendas de frango para o mercado externo em 10%.
“A alternativa encontrada pelo setor para driblar as barreiras européias é aumentar as vendas de frango para a Rússia.”
De janeiro a outubro, a receita com os embarques de carne de frango totaliza US$ 1,12 bilhão, com volume total em torno de 1,1 milhão de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O valor representa um salto de 4,4% na receita gerada em igual período do ano passado.
Do volume total embarcado, 2,5% é proveniente de avicultores do Estado de São Paulo, que pretendem aumentar sua participação para entre 10% e 15% no próximo ano.
Milho
A consolidação de novos mercados, onde se destaca a Rússia, ocorreu principalmente em função do aumento dos insumos e da baixa cotação do frango no mercado interno. Desde o início do ano, o preço do milho já apresentou acréscimo de mais de 90%, enquanto o repasse de preços para o frango vivo e abatido foi de apenas 12% e 19,5%, respectivamente, segundo dados fornecidos pela Associação Paulista de Avicultores (APA).
Até outubro, o milho foi o grande vilão dos setores de aves e suínos. Com a redução da Tarifa Externa Comum (TEC), de 9,5% para 2%, os preços do grão começaram a perder fôlego na última semana de novembro.
A cotação do produto caiu entre 0,79% e 2,36%, dependendo da região.
Transgênicos
A liberação dos transgênicos também é vista pelo setor como uma alternativa para amenizar a crise de abastecimento de grãos.
Segundo Silveira os alimentos transgênicos exigem menos agrotóxicos e, portanto, devem fazer menos mal.
“Não existem registros de que os transgênicos são prejudiciais à saúde, mas temos diversos relatos de morte decorrente do uso de agrotóxicos nas lavouras.”