Integração e eficiência aduaneira, desenvolvimento de diferentes modais de transporte e consolidação de novas rotas foram as principais demandas apresentadas por empresários e lideranças das Três Fronteiras ao ministro João Carlos Parkinson de Castro, da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores. A autoridade federal participou de reunião em Foz do Iguaçu nessa quarta-feira, 16.
O diplomata ouviu e recebeu demandas do setor produtivo e da sociedade civil organizada, que serão levadas à análise no âmbito do governo central, e compartilhou experiências de êxito em transporte, armazenamento e infraestrutura. O encontro faz parte dos trabalhos de organização do Fórum Internacional de Logística Multimodal Sustentável (FILMS), evento com patrocínio da Itaipu Binacional que acontecerá no município de 11 a 14 de maio.
O ministro afirmou que logística é fator decisivo para a competividade de produtos e empresas, destacou as potencialidades da região e falou da importância de medidas para manter fluido o trânsito de moradores, turistas e mercadorias na fronteira trinacional. Ele também enfatizou a relevância do Fórum Internacional de Logística para reunir os países do Cone Sul a fim de identificar oportunidades de negócios e propor ações conjuntas.
“O Paraná, particularmente a Região Oeste, tem um enorme potencial produtivo”, sublinhou João Carlos Parkinson de Castro. “É preciso uma integração mais eficiente com o Paraguai, inclusive com a possibilidade de conexão ferroviária com Argentina e Chile, de modo a chegar no Oceano Pacífico”, avaliou. Ele defendeu a adoção de “práticas modernas de controle fronteiriço” para agilizar e desburocratizar o transpasse nas Três Fronteiras.
“E o Fórum Internacional de Logística Multimodal Sustentável dialoga com essas pautas, pois objetiva reunir os países da região para discutir uma logística mais moderna e competitiva, e um modelo de transporte multimodal e que integre os sistemas”, pontuou o ministro João Carlos Parkinson de Castro. “O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, está à disposição para dialogar e compartilhar nossas experiências”, declarou.
Desenvolvimento da região
De acordo com Danilo Vendruscolo, coordenador do FILMS, a qualidade e a eficiência logísticas são ainda mais decisivas para o Oeste e a fronteira ao se considerar que essa área geográfica fica longe dos portos e dos grandes centros consumidores. A produção é diversificada, com alto nível de quantidade e qualidade, o turismo e o comércio internacional são fortalezas, mas o que é precisão são melhores soluções, principalmente no transporte e escoamento.
“O que pretendemos com o fórum é avançar das ações pontuais de governos — que são importantes, mas às vezes insuficientes — para políticas de Estado. Está em nossas mãos o desafio de nos unirmos em torno de pautas macro para fomentar o desenvolvimento em toda a região”, enfatizou. “A Itaipu Binacional está tirando do papel obras estruturantes que esperávamos há três décadas. Nosso papel é fazer bom uso delas”, disse Danilo.
Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (ACIFI), Faisal Ismail inseriu o FILMS no contexto de oportunidades das três grandes frentes econômicas regionais: turismo, logística e comércio. “O fórum será um momento para se discutir em Foz do Iguaçu os quatro modais logísticos — rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroviário — com as pessoas que vivem, produzem e trabalham aqui na região, e dos países do Cone Sul”, convidou.
Entrave para a produção
Durante o diálogo, as principais reivindicações foram por melhorias para agilizar o sistema aduaneiro e de transporte de cargas. Empresários transportadores e representantes de cooperativas do Brasil e do Paraguai relataram o prejuízo econômico e humano resultante de caminhões parados, fruto de ações externas ao setor e da burocracia por falta de unificação e integração dos procedimentos.
Representando 30 cooperativas do Paraguai, país que é o quarto exportador de soja no mundo, Romualdo Zocche afirmou que problemas no transporte são obstáculos para a expansão das relações comerciais entre os países e geram problemas para os negócios atuais. “Às vezes, não convém fazer negócios com o Brasil por causa dos problemas desta fronteira [entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este]”, asseverou.