A demanda crescente por soja e milho dos EUA continua a influenciar diretamente os preços das commodities agrícolas, com impacto significativo na Bolsa de Chicago (CBOT). Na sessão de ontem, o contrato de soja para janeiro subiu 0,45%, situando-se a US$ 10,0175 o bushel. Francisco Queiroz, analista do Itaú BBA, ressalta que a procura pelo produto americano tem se intensificado, especialmente pela maior necessidade da China e pela menor disponibilidade de soja no Brasil. Isso fortalece a posição dos EUA como um dos principais fornecedores globais, preenchendo uma lacuna estratégica no mercado internacional.
Segundo dados do USDA, as exportações americanas de soja nesta safra (2024/25), iniciada em setembro, já atingiram 12,79 milhões de toneladas — um aumento de 3,5% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. Esse aumento reflete a competitividade e a atratividade da soja americana, atualmente em alta demanda. A expectativa de uma boa safra 2024/25, com o clima favorável e o avanço das colheitas nos EUA e do plantio no Brasil, sugere que os fundamentos de mercado estão sólidos e podem seguir pressionando os preços.
Influência das Eleições Americanas
Queiroz menciona ainda que as eleições presidenciais americanas podem trazer volatilidade ao mercado, embora o impacto para o setor agrícola deva ser temporário. Ele prevê cenários distintos, onde uma vitória de Kamala Harris favoreceria os preços em Chicago, enquanto uma vitória de Donald Trump poderia impactar negativamente os prêmios da soja no Brasil. No entanto, o analista acredita que os efeitos das eleições serão curtos, dada a estabilidade do panorama produtivo global.
Movimentos de Preço do Milho e Trigo
No mercado de milho, o contrato de dezembro avançou 0,48%, fechando em US$ 4,1850 o bushel. Esse movimento é atribuído à maior demanda pelo milho americano, que se destaca atualmente como o mais acessível globalmente, em comparação com o milho brasileiro, que se tornou menos competitivo para exportação devido a preços elevados. Com um aumento expressivo de 33,7% nas exportações acumuladas nesta safra, o milho dos EUA se reafirma como uma alternativa atraente para compradores internacionais.
Já o trigo, cujos contratos para dezembro também registraram alta de 0,66% (a US$ 5,7250 o bushel), continua sendo impactado pelo clima. Nos EUA, chuvas retardaram o plantio de trigo de inverno, enquanto na Europa o excesso de umidade prejudica as operações de semeadura. Esse cenário climático reforça a volatilidade do mercado de trigo, mantendo a atenção dos traders nas previsões meteorológicas e na evolução das áreas plantadas.
Conclusão
As projeções para a soja, milho e trigo refletem uma dinâmica onde a demanda global encontra suporte nas colheitas americanas, especialmente enquanto a América do Sul aguarda sua safra. O cenário também indica que a demanda por grãos dos EUA deverá permanecer forte, impulsionada por sua competitividade e a continuidade das condições climáticas favoráveis.