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Contribuições do melhoramento genético à avicultura de corte do Brasil

Analisando o insumo “genética avícola”, nota-se que a geração e a comercialização das linhagens especializadas são resultado de intenso trabalho técnico e empresarial num ambiente de grande competição

Contribuições do melhoramento genético à avicultura de corte do Brasil

Vincular as atividades de melhoramento genético envolvidas na produção das linhas puras que vão originar as matrizes e pintos comerciais e o seu o impacto nos custos da produção comercial das aves é uma tarefa desafiante, pois o tema se relaciona com a própria evolução da avicultura mundial e brasileira.

Dispor de linhagens genéticas especializadas de aves é de extrema importância pelo efeito que elas têm nos resultados técnicos e econômicos de toda a cadeia produtiva. A cadeia produtiva da avicultura é longa e complexa e o seu sucesso depende dos chamados fatores de produção (terra, trabalho e capital). Além disso, é fundamental a gestão competente de todos os elos da cadeia, desde a produção dos animais, passando pelo abate, processamento e a comercialização dos produtos.

O governo e seus diversos setores de apoio, fiscalização e controle também contribuem, pois atuam em sinergia visando potencializar o desenvolvimento sustentável de toda a cadeia produtiva. Nos fatores de produção, o capital inclui os insumos produtivos, como os animais melhorados geneticamente, fundamentais para o desempenho das criações. A avicultura brasileira posiciona-se entre as atividades mais avançadas da nossa agricultura. Foi estruturada com base em modelo gerado há mais de um século nos Estados Unidos e teve grande evolução tecnológica nos seus principais indicadores de desempenho.

De acordo com Tobin e Arthur (1964), o atual modelo de organização e produção de aves comerciais foi desenvolvido nos Estados Unidos, tendo suas bases lançadas em 1920. No entanto, só em 1940 as vendas de frangos desses aviários modernos ultrapassaram os volumes das criações tradicionais.

A mudança das criações antigas para os novos sistemas produtivos, complexos e com grande número de aves por unidade, implicou também no desenvolvimento e uso da modelo integração produtor/agroindústria, visando facilitar a coordenação das várias etapas interdependentes do processo. Este modelo foi usado com sucesso e resultou numa rápida expansão da cadeia produtiva.

Expressivos investimentos em pesquisa e desenvolvimento foram realizados e em 1945, por exemplo, a empresa Great Atlantic Company criou e financiou o “Chicken of Tomorrow Program”, com a intenção de desenvolver linhagens de frangos especializadas na produção de carne, com ênfase no rendimento de peito, coxas e sobrecoxas. De acordo com os autores citados, significativo desenvolvimento técnico ocorreu principalmente entre os anos de 1945 a 1955.

Um dos primeiros resultados obtidos foi na área da genética, com o desenvolvimento de linhagens especializadas na produção de ovos ou de carne, resultado de programas de seleção e cruzamento de linhas especializadas de machos e fêmeas. Entre os anos de 1947 e 1951, foi obtida uma redução de 18% no tempo necessário para um pinto de um dia alcançar 3,5 pounds (1,35 kg). Os próximos 18% de ganho nesta variável demandaria sete anos adicionais. Os 10 anos após o final da Segunda Guerra Mundial foi de grandes avanços nas técnicas de alimentação, com rações de alta energia, novos aviários bem como nos processos de abate, preparação e distribuição dos produtos ao mercado.

O uso dessas tecnologias possibilitou que entre 1920 e 1955 ocorresse uma redução de 30% a 40% nos preços de varejo da carne de frango, enquanto o preço das carnes vermelhas subiu entre 75% a 90%. Essa pequena retrospectiva mostra o impacto positivo do melhoramento genético das linhagens de aves, estimulando avanços tecnológicos também nas demais áreas técnicas (nutrição, sanidade, instalações, manejo, dentre outras).

Também os elos de abate e processamento e do transporte dos animais vivos e produtos prontos para o consumo se modernizaram e contribuíram para a produtividade da avicultura de corte.

Enfim, o modelo de organização e de coordenação das atividades da cadeia foi um fator decisivo para a modernização e sucesso da atividade assim como a sinergia existente com os órgãos do governo visando seu crescimento e o acesso aos mercados interno e externo.

Confira a matéria completa na edição 1319 da revista Avicultura Industrial