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Milho

Lei aprovada na Alesc garante empréstimo a agricultores atingidos por praga

O período de pré-semeadura do milho em SC é considerado um dos melhores momentos para eliminar milho voluntário, também conhecido pelos produtores como milho guaxo

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Neste período de pré-semeadura do milho em Santa Catarina, principal insumo da ração animal, que garante o título de maior produtor e exportador de carne suína e o segundo maior produtor de carne de frango do Brasil, é considerado um dos melhores momentos para eliminar milho voluntário, também conhecido pelos produtores como milho guaxo. A espécie é o principal criadouro da cigarrinha-do-milho, a pior praga da cultura e que causou prejuízos à produção catarinense nas últimas safras.

“As ações preventivas visam à eliminação do milho voluntário. Com o produtor rural fazendo a sua parte, existe uma maior chance de que a população desse inseto do complexo do enfezamento do milho diminua para a próxima safra”, explica a pesquisadora em Fitopatologia da Epagri, em Chapecó, Maria Cristina Canale, coordenadora do projeto Monitora Milho SC.

A campanha para eliminação deste milho que nasce espontaneamente após a colheita, conhecido como milho tiguera, guaxo ou voluntário, ocorre porque a planta pode ser o hospedeiro para a cigarrinha entre uma safra e outra. “A cigarrinha é o inseto-vetor dos molicutes e vírus associados ao complexo de enfezamentos e ela atua como transmissor desses patógenos para a cultura do milho”, diz Maria Cristina. Em Santa Catarina, na última safra, foram relatados danos significativos às lavouras de milho, perdas totais de produção, eliminação de lavouras precocemente e uma redução da produção em torno de 30%.

Como forma de auxiliar o agricultor, o Parlamento aprovou neste ano e o governo estadual sancionou lei que permite empréstimo a juro zero a produtores rurais prejudicados por doenças em rebanhos e plantações. A proposta, aprovada na Assembleia Legislativa, inclui esse tipo de fenômeno no rol de desastres naturais e possibilita que agricultores tenham acesso ao programa Recomeça SC, criado no início de 2021 para ajudar empresas atingidas pelas fortes chuvas.

Para o autor da Lei 18.385, deputado Milton Hobus (PSD), é fundamental uma política pública que proteja a agricultura, responsável pelo emprego e renda de milhares de pessoas. O parlamentar acrescenta ainda que, principalmente no ano passado, muitas lavouras do Estado foram infestadas pela cigarrinha-do-milho. A Associação Brasileira dos Produtores do Milho (Abramilho) estimou redução de 20% na safra 2020/2021 por conta da praga.

“O milho é o alimento mais utilizado pelos produtores de proteína, além de ser usado em diversos alimentos. A falta do grão aumenta os custos da produção e, consequentemente, encarece o preço para toda a cadeia, inclusive para os consumidores. Além disso, nossos agricultores já têm o desafio de lidar com uma série de adversidades, como o clima”, diz Hobus.

O programa Recomeça-SC possibilita crédito a juro zero e com carência de um ano para início do pagamento. O financiamento, feito por meio da Agência de Fomento do Estado de SC (Badesc), vai de R$ 30 mil a R$ 200 mil e pode ser pago em até 36 meses.

De acordo com a pesquisadora da Epagri e coordenadora do programa Monitora Milho SC, o inseto é vetor das doenças do complexo de enfezamentos (enfezamento-vermelho, enfezamento-pálido e virose-da-risca), capaz de comprometer substancialmente as safras de milho. O programa é uma iniciativa do Comitê de Ação contra Cigarrinha-do-milho e Patógenos Associados e visa discutir e propor recomendações mais apropriadas de manejo da cigarrinha-do-milho, levando em consideração as boas práticas. O Comitê é composto por membros da Epagri, Udesc, Cidasc, Ocesc, Fetaesc, Faesc, CropLife Brasil e Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural.

Maria Cristina diz que após a criação do comitê, em cada lavoura monitorada, técnicos da Epagri e da Cidasc instalaram quatro armadilhas nas bordas do milharal e as armadilhas são coletadas semanalmente e encaminhadas para o Laboratório de Fitossanidade da Epagri, em Chapecó, onde as amostras passam por testes moleculares. Relatórios semanais com dados de população do inseto-vetor e de infectividade são divulgados em redes sociais, páginas oficiais e outros canais de comunicação. Essas informações ajudam agricultores e técnicos a tomar decisões sobre o manejo e verificar a eficiência das estratégias adotadas.

Dentro das propriedades, a Epagri orienta sobre medidas de controle, como escolha de variedades de milho tolerantes aos enfezamentos, uso de sementes tratadas e redução da janela de semeadura. A pesquisadora ressalta que a presença da cigarrinha-do-milho não é, por si só, um risco, a não ser em altas populações. Para transmitir as doenças do complexo de enfezamentos (fitoplasma, espiroplasma e virose-da-risca) para as lavouras de milho, o inseto precisa estar infectado pelos microrganismos (molicutes e vírus) causadores de tais doenças.