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Dólar e colheita pressionam trigo, que cai 3% na Bolsa de Chicago

Os contratos do cereal para dezembro, os de maior liquidez, recuaram 3,12% (27,25 centavos de dólar), a US$ 8,45 por bushel

Dólar e colheita pressionam trigo, que cai 3% na Bolsa de Chicago

O preço do trigo liderou a queda generalizada dos grãos na bolsa de Chicago nesta quinta-feira, pressionado pela valorização do dólar e pelo avanço da colheita no Hemisfério Norte. Os contratos do cereal para dezembro, os de maior liquidez, recuaram 3,12% (27,25 centavos de dólar), a US$ 8,45 por bushel.

“O trigo normalmente é a safra mais exposta aos movimentos do dólar, já que os exportadores dos Estados Unidos lutam para competir com outros fornecedores globais, que têm um produto mais barato”, disse Joel Karlin, da Western Milling, ao jornal “The Wall Street Journal”.

Segundo ele, a oferta de trigo de mercados como Ucrânia, Rússia, União Europeia e Canadá aumenta a pressão sobre o cereal americano, que em breve enfrentará também a concorrência da Austrália.

“A colheita iminente e o fato de os produtos dos EUA não serem competitivos no mercado global estão mantendo os compradores afastados do mercado”, complementou Dan Hueber, do Hueber Report, ao periódico.

Milho

Os contratos do milho para dezembro, os mais negociados na bolsa de Chicago, caíram 0,70% (4,75 centavos de dólar), a US$ 6,7750 por bushel.

“A tendência predominante dos mercados de soja e milho ainda é de volatilidade acima da média. Mas os dois produtos seguem fragilizados pelo cenário macroeconômico global adverso, e as cotações podem recuar ainda mais caso o Fed [banco central americano] faça um aumento de juros acima do esperado na semana que vem”, disse Daniele Siqueira, analista da Agrural. Mesmo com a redução nas projeções do Departamento de Agricultura do país (USDA) para a colheita, ela não espera ajustes para cima nos preços do cereal.

“O quadro de oferta e demanda do milho é bem mais tranquilo que o da soja, com relação estoque/consumo estimada em 8,5% para a temporada 2022/23 — a da soja é de 4,5%. Por isso, por mais que a estimativa de produção venha sendo reduzida, o preço do milho já está em um patamar alto o bastante para abrir espaço para altas robustas nesse período da colheita americana”, destacou a analista.

Outro ponto de atenção é a safra de milho cada vez menor na Europa. A consultoria Strategie Grains disse que a produção no continente pode chegar a 53 milhões de toneladas neste ano, o menor volume dos últimos 15 anos.

Soja

No mercado da soja, os contratos para novembro, os de maior liquidez em Chicago, fecharam em queda de 0,24% (3,50 centavos de dólar), a US$ 14,5150, por bushel. Os lotes de segunda posição, para janeiro do ano que vem, por sua vez, caíram 0,21% (3 centavos de dólar), a US$ 14,58 por bushel. Daniele Siqueira afirma que a proximidade da colheita nos Estados Unidos afasta a possibilidade de os preços subirem no curto prazo.

“O avanço da colheita americana tende a dificultar altas que se sustentem por muito tempo em Chicago. O mercado está atento também ao início do plantio no Brasil. Eventuais atrasos na semeadura por aqui podem dar fôlego para as cotações internacionais. Mas não é o caso por enquanto, devido à expectativa de uma safra brasileira de 150 milhões de toneladas”, finalizou.