A produção brasileira de milho deverá alcançar um volume recorde de 115 milhões de toneladas em 2021/22 (verão + safrinha). Um aumento de 26 milhões de toneladas frente ao observado no ciclo anterior. Apesar da colheita recorde, a comercialização da safra de milho para o ciclo atual segue abaixo do mesmo período do ano passado.
Os elevados preços do grão associado às margens recordes obtidas pelo produtor rural no Brasil, resultarão em um aumento da área total de milho plantada para a próxima safra, que deverá alcançar o patamar recorde de 22,6 milhões de hectares durante a safra 2022/23, um aumento de 4.6% em relação à área plantada no ciclo anterior. Vale destacar que o milho safrinha terá aumento mais expressivo que o milho verão, já que este último deve manter a área plantada durante o ciclo 2021/22. Assumindo a linha de tendência para produtividade, a estimativa é que a produção alcance 126 milhões de toneladas.
Safra recorde pode reduzir preços no mercado local em 2022/23
Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o plantio da safra verão no Centro-Sul já atingiu 43% até o final de outubro, 11% abaixo do mesmo período do ano anterior.
Em relação ao consumo doméstico para o próximo ciclo, é esperado um aumento do consumo de milho para ração. O consumo de ração deve ser maior tanto para a produção de carne de frango, como também para a produção de carne suína, setores responsáveis por aproximadamente 75% do consumo de milho para ração animal. Em relação às plantas de etanol, também é esperado um aumento da capacidade das plantas de etanol a partir do milho. Até o final de 2023, o aumento da capacidade de esmagamento será de 52%, se comparado a capacidade instalada de 2022. É esperado que o consumo de milho para a produção de etanol aumente 35% durante a temporada 2022/23.
Dessa forma, a estimativa do Rabobank é que o consumo brasileiro de milho em 2023 fique entre 79 e 82 milhões de toneladas, ante 77 milhões de toneladas em 2022.
Já em relação às exportações, é esperado que alcancem 45 milhões de toneladas em 2023, um aumento de 3 milhões em relação ao volume exportado em 2022.
Em outubro, o indicador Esalq (mercado disponível) teve média próxima de R$ 85/saca (60 kg), um aumento de 1% em relação ao mês anterior. Este aumento acompanhou as cotações de CBOT, que também apreciaram 1% durante o mês de outubro.
Os preços do cereal seguem em patamares elevados, o que indica margens operacionais positivas para o produtor brasileiro. Porém, a comercialização no Brasil segue abaixo da média dos últimos 5 anos. Segundo dados do IMEA (Instituto
Mato-Grossense de Economia Agrícola), a comercialização do milho 22/23 está em 17% no Mato Grosso, 16% abaixo da safra passada, considerando o mesmo período. Nestes níveis, a comercialização está atrasada também em relação à média dos últimos 5 anos.
Em meio a este cenário, é esperado uma recomposição dos estoques de milho no Brasil de 14%, se comparado a 2021/22.