No entendimento da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o reconhecimento dado ao Estado representou uma possibilidade a mais para o produtor local competir com outros mercados, tanto na exportação quanto na
venda para outros Estados. “O Rio Grande do Sul já era livre da febre aftosa com vacinação. O diferencial é que houve uma elevação do nosso status sanitário, passamos para outro degrau, junto com Paraná, Acre, Rondônia e Santa Catarina, que há alguns anos já eram livres da doença sem a imunização”, avalia o assessor da presidência da Farsul, Rodrigo Rizzo.
Ele destaca que o reconhecimento dado pela Organização Mundial para Saúde Animal (OIE) em maio, que ratificou a do Mapa, permitiu ao Rio Grande do Sul aumentar a venda do animal vivo, tanto para exportação quanto para o mercado
interno. “Nós da Farsul trabalhamos pelos livres mercados. Defendemos a exportação de animais vivos pelo Porto de Rio Grande ou de caminhões para outros Estados. Se tem alguém pagando mais, por que o produtor não venderia?”.
Rizzo explica também que a menor oferta de carne para os frigoríficos locais, em virtude do aumento da exportação, elevou o preço pago pelo consumidor final. O aumento no volume de exportação faz com que os comerciantes recorram a
cortes produzidos em outros Estados. O avanço da plantação de soja no Rio Grande do Sul também contribuiu para a diminuição do número de cabeças de gado em solo gaúcho.
Impacto positivo também no mercado de aves e suínos
Santa Cruz do Sul e diretor da Farsul, Marco Antonio dos Santos, o mercado da carne de porco se beneficiou mais do que o da carne de gado, pois a venda de cortes bovinos do Estado já atingia o limite de produção. “Não temos gado para
cobrir todos os mercados”, alerta. Somente em Santa Cruz do Sul, a estimativa no ano passado era de que cerca de 36 mil cabeças de gado não necessitariam mais da vacinação.
Conforme Luiz Henrique Lau, presidente do Sindicato Rural de Rio Pardo, município que conta com 85 mil cabeças de gado, o status sanitário permitiu que produtores de suínos e de proteína animal em geral, incluindo a carne de frango,
também fossem beneficiados. “Na parte suína aumentou muito mais o mercado. Até no mercado interno, porque em Santa Catarina, por exemplo, que já era livre da aftosa e já não vacinava há anos, nós não tínhamos acesso. Até para passar na
estrada com suínos e bovinos: não podia passar carne com osso e os outros Estados não compravam.”
Segundo dados de 2020 da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, o Rio Grande do Sul tem um rebanho de 9,6 milhões de cabeças de gado, com um valor bruto de produção estimado em R$ 4,9 bilhões.
Na carne suína, o Estado é o segundo maior exportador do Brasil. Em 2020, foram 9,5 milhões de animais abatidos no Estado, o que gerou mais de US$ 411 milhões.