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Balanço de viagem

Mundo não conseguirá atender demanda da China, diz ministra

Tereza Cristina afirmou que chineses se dispuseram a habilitar mais 20 frigoríficos brasileiros

Mundo não conseguirá atender demanda da China, diz ministra

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esteve na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (22), onde fez um balanço da viagem à Ásia. Em relação à habilitação de novas plantas para exportação de carnes à China, Tereza Cristina disse que pediu ao governo do país a abertura de um canal de negociação estreito e permanente, sugerindo que as equipes técnicas dos dois países façam missões a cada dois ou três meses.

Segundo ela, o mundo inteiro não será capaz de suprir a necessidade de carnes da China, em virtude das perdas causadas pelo surto de Peste Suína Africana naquela região. “Se o Brasil tivesse mais 20 plantas para habilitar na área de suínos, a gente teria chance de exportar. Isso se a gente tiver juízo, for sério, e cumprir o que está no protocolo (de exportação) com a China. Eles vão perder o equivalente a 13% do mercado interno (de carnes)”, disse.

Tereza Cristina afirmou que, mesmo unindo o mundo inteiro, não se consegue exportar para a China mais do que 6% ou 7%. “É muita coisa, e essa proteína vai ter de ser suprida por bovinos e aves. O Brasil tem suínos, mas é pouco diante do tamanho e diante da necessidade do mercado chinês e de outros países da Ásia que estão com o mesmo problema”, ressaltou a ministra.

Inicialmente, afirma Tereza Cristina, os chineses se dispuseram a habilitar mais 20 plantas de frigoríficos brasileiros, o que seria pouco, pelo tamanho do mercado brasileiro de carne bovina. O Brasil tem 210 milhões de cabeças e abate, por ano, 30 milhões de cabeças. Ela pediu uma abertura maior aos chineses, e ficou acertado que caberá ao Ministério da Agricultura brasileiro atestar oficialmente as plantas que estão aptas à exportação, tendo cumprido os protocolos assinados com os chineses e também com os mais variados países do mundo.

“Se Deus quiser, num futuro próximo vamos pôr isso no site do ministério. Quando abrir lá, teremos 100 frigoríficos, 200 frigoríficos habilitados para os mais diversos países do mundo, e aí o chinês poderá vir aqui e comprar de quem quiser. O Ministério da Agricultura tem de dar a confiança de que eles estão comprando de uma planta habilitada, com credibilidade para cumprir os protocolos. Tivemos muito cuidado nesta negociação e acho que teremos boas notícias”, disse a ministra.

Tereza Cristina convocou uma reunião com os representantes das associações de frigoríficos para discutir os critérios para habilitação e quantas plantas serão habilitadas para exportação à China, quando o governo daquele país formalizar o pedido. A ministra disse que, na reunião com os chineses, também tratou sobre exportação de laranja, açúcar, carne de frango, melão e outros produtos. “A gente ainda exporta muito pouca coisa, precisamos começar a agregar valor aos nossos produtos, porque nossa balança tem muitos produtos sem agregação de valor”, disse ela.

No Vietnã, Tereza Cristina disse ter recebido uma grata surpresa nas negociações, que incluíram até uma reunião com o primeiro-ministro. O país também vai se abrir, ainda este ano, para as exportações de carne brasileiras, inclusive para o boi em pé, e também se propõe a comprar melão e vender camarão para o Brasil. A Indonésia, segundo a ministra, também tem interesse na carne brasileira, porque a Austrália, grande fornecedora para o Sul da Ásia, está enfrentando problemas de inundação, que provocaram perda de rebanho.

Com o Japão, a ministra ressaltou a retomada da confiança que o Brasil perdeu em governos anteriores, e que prejudicam o comércio bilateral. Ela disse que foi iniciada uma conversa sobre abertura do mercado japonês aos produtos lácteos brasileiros, e também para as frutas tropicais do Brasil. “Temos mais de 300 produtos que podemos levar para o Japão”, disse Tereza Cristina.