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Artigo técnico

O bem-estar de galinhas poedeiras traduzido no sistema cage-free

Por Liliana Borges e Melina Bonato, P&D ICC Brazil, 2018.

Ultimamente notícias sobre empresas alimentares que optaram pelo uso de ovos advindos do sistema cage-free (sistema livre de gaiolas), estão cada vez mais frequentes. O sistema cage-free atende ao conceito de bem estar animal preconizado pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) e tem sido pauta em reuniões de entidades do mundo inteiro que fomentam discussões sobre a temática para esclarecer e direcionar o assunto em comum acordo entre todos os envolvidos. Neste modelo de criação não há qualquer tipo de confinamento em gaiolas, todas as condições devem ser favoráveis para que as aves sejam mantidas secas e protegidas, o bem estar animal é enaltecido para que as galinhas possam expressar seus comportamentos naturais, como depositar os ovos em ninhos.

De acordo com o Conselho de Bem Estar de Animais de Produção (FAWC), órgão consultivo do governo britânico, o conceito engloba cinco liberdades essenciais que devem ser atendidas para que um animal seja “protegido do sofrimento desnecessário”. O animal, para tanto, deve estar livre de fome e sede; livre de desconforto; livre de dor, injúria ou doença; livre para expressar um comportamento normal e livre de medo e estresse.

Embora no Brasil este tema seja recente e ainda pouco disseminado entre os produtores, órgãos como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) debatem visando a adequação dos sistemas convencionais para o cage-free. Em alguns países como Nova Zelândia, Butão, todos os estados membros da União Européia e sete estados norte-americanos já proibiram o uso de gaiolas em bateria convencionais para galinhas poedeiras. Na Índia, terceiro maior produtor mundial de ovos, se discute uma proibição nacional.

No Brasil mais de 50 empresas do ramo alimentar se comprometeram a adquirir ovos do sistema cage free. No início do ano, A Cooperativa Central Aurora Alimentos, anunciou o compromisso de até 2025 completar a transição para que 100% dos ovos utilizados em sua cadeia de suprimentos sejam advindos do sistema cage free. Até o momento, mais de 200 grandes empresas multinacionais, incluindo McDonald’s, Giraffas, Burger King, Subway, Bob’s, Spoleto, Disney, Kroger, Campbell Soup, Walmart, ConAgra, Starbucks e até mesmo White Castle anunciaram que aderiram à causa e mudarão o consumo para ovos do sistema cage -free, a maioria até o ano de 2025.

O impacto no mercado avícola é inevitável e pode ser sentido pelos produtores de ovos e pesquisadores que buscam preservar no sistema cage free todo o avanço em sanidade e segurança alimentar obtidos nos últimos anos.  Neste sentido a preocupação com a produção intensiva livre de antibióticos se torna uma questão emergente, visto que não são totalmente conhecidos os riscos dessa mudança no sistema de criação e suas consequências.

O desafio sanitário ainda é uma realidade complexa que deve ser considerada. A retirada das dietas com antibióticos e redução de AGP acrescenta consequências diretas sobre a saúde dos animais, assim sendo a implantação de um plano sanitário rigoroso é imprescindível, pois a transmissão pode ocorrer por meio de alimento, ambiente ou mesmo vertical (do criador à cama de frango/ovo).

Os ovos são considerados as principais vias de contaminação alimentar por Salmonella. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 600 milhões, ou quase 1 em cada 10 pessoas no mundo, adoecem depois de consumir alimentos contaminados. No Brasil, de 2007 a junho de 2016, 90,5% dos casos de doenças transmitidas por alimentos foram provocados por bactérias, sendo os sorotipos mais freqüentemente encontrados Salmonella ssp (7,5%), Escherichia coli (7,2%) e Staphylococcus aureus (5,8% ). Assim sendo, oferecer ovos advindos do sistema cage-free e livres de Salmonella aos consumidores finais será um dos maiores desafios da indústria avícola.

As empresas estão se movimentando para se adequar a esta nova realidade, compreendendo as exigências dos consumidores e ao mesmo tempo a necessidade de adaptação que supra os desafios sanitários.

A ICC, que há anos investe em pesquisas científicas para o desenvolvimento de soluções a base de levedura, acredita que a segurança alimentar começa com os produtos usados no campo, como os que compõem as dietas animais. Com base nesse conceito, o ImmunoWall® destaca-se entre os demais produtos do mercado por ser composto de uma densa parede celular de levedura Saccharomyces cerevisiae, com altas concentrações de β-Glucanas e MOS, resultando em um aditivo com garantia de resultados e excelente relação custo/benefício.

O MOS é capaz de aglutinar bactérias patogênicas que possuem fímbrias tipo 1, como E. coli e Salmonella, impedindo a colonização e proliferação destas populações no intestino. As β-Glucanas agem estimulando a produção e a atividade dos macrófagos, que são células de defesa de importante papel no sistema imunológico, capazes de fagocitar e destruir os microrganismos.

A ampla capacidade de aglutinação do ImmunoWall® é eficientemente comprovada por ensaios in vitro com mais de 200 avaliações nos últimos anos (Tabela 1).

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A suplementação com ImmunoWall® garante que as aves mantenham o equilíbrio da microbiota intestinal e melhorem a resposta do sistema imunológico, resultando na diminuição da contaminação e transmissão de bactérias patogênicas para outros órgãos do corpo. No estudo publicado por Hofacre et al. (2017), pela primeira vez numa experiência in vivo, demonstrou-se a eficácia de um produto derivado de levedura na redução da colonização e da presença de Salmonella Enteritis (SE) no ovário e ceco de galinhas comerciais. Na tabela 2, observa-se que as galinhas comerciais contaminadas com SE em doses elevadas e suplementadas com ImmunoWall® (0,5 kg/ton) apresentaram uma redução da colonização intestinal e ovariana da SE quando comparado com o grupo controle (aos 7 e 14 dias após o desafio).

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A redução da colonização no ceco é um fator importante em relação à segurança alimentar, pois consequentemente diminuirá a contaminação fecal na superfície dos ovos. Após a postura, o arrefecimento é iniciado e as bactérias na superfície do ovo penetram através dos poros da casca, ou seja, quanto menor a contaminação da superfície com SE, menor será a contaminação dentro do ovo.

O sistema cage-free vem surgindo como um novo conceito em produção de ovos e junto à ele somam-se os desafios. Para que o sistema seja efetivo é fundamental a implantação de uma gestão de biossegurança aliada com produtos que controlem os agentes patogênicos. ImmunoWall®, além de ser um aditivo 100% natural, é uma solução viável em baixas dosagens para melhorar a saúde intestinal e reduzir a contaminação de ovos, o que proporciona maior segurança alimentar, resultando em uma excelente relação custo/benefício.

Referências

Farm Animal Welfare Council – FAWC. Five Freedoms. 2009. Disponível em: http://www.fawc.org.uk/freedoms.htm.

Hofacre, C., et al. Use of a yeast cell wall product in commercial layer feed to reduce S.E. colonization. Proceedings of 66th Western Poultry Disease Conference, March 2017, Sacramento, CA, p. 76-78, 2017.

Human Society International HSI. Cage-free: produção de galinhas criadas sem gaiolas respeita o bem estar animal. 2018. Disponível em: http://certifiedhumanebrasil.org/cage-free-producao-respeita-o-bem-estar-animal/

Imprensa Aurora. Fornecedor da Aurora tem até 2025 para eliminar a produção de ovos de galinhas poedeiras em gaiolas. 2018. Disponível em: https://www.auroraalimentos.com.br/sobre/noticia/458/fornecedor-da-aurora-tem-ate-2025-para-eliminar-a-producao-de-ovos-de-galinhas-poedeiras-em-gaiolas

Lempert, P. Shift To Cage-Free Eggs Is Likely To Disappoint. Forbes: Food & Agriculture. 2016. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/phillempert/2016/05/08/shift-to-cage-free-eggs-is-likely-to-disappoint/#498225b5fd35

Ministério da Saúde. [Ministry of Health] Surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos no Brasil. [Outbreaks of Food Transmitted Diseases in Brazil] 2016. Available at: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/junho/08/Apresenta—-o-Surtos-DTA-2016.pdf

World Health Organization – WHO. Media Centre, News release. WHO’s first ever global estimates of food borne diseases find children under 5 account for almost one third of deaths. 2015. Available at: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2015/foodborne-disease-estimates/en/

Mazzuco, H. Brasil deve migrar para o Cage-Free. O Presente Rural. Pag. 24 e 25. 2016. Disponível em: http://www.flip3d.com.br/web/pub/opresenterural/?numero=128&edicao=3329#page/24