Quando uma infestação de parasitas atacou a criação de cabras do casal Emanuele La Barbera e Alessandra Rabittiis nos altiplanos da região da Úmbria, no centro da Itália, eles decidiram combater o problema de forma orgânica e sustentável. A solução foi fazer galinhas e cabras dividirem o mesmo espaço.
Resultado: as galinhas se fartaram com os piolhos e larvas das cabras que, mais saudáveis, produzem hoje o leite que é a matéria-prima do melhor queijo de cabra da Itália.
A descoberta foi intuitiva. Emanuele, um veterinário com especialização em bem-estar animal, sabia que os piolhos e larvas dos parasitas das cabras representam um verdadeiro banquete para galinhas. Ele resolveu, então, unir o útil ao agradável, e deslocou uma equipe de galinhas poedeiras pretas para dividir o mesmo galpão com as cabras. O experimento acabou se comprovando uma simbiose perfeita.
“As galinhas e as cabras convivem como grandes amigas”, diz Emanuele. A qualquer momento é possível constatar galinhas empoleiradas nas costas das cabritas ou circulando livremente por entre as “parceiras”, sempre atrás de larvas e piolhos.
O veterinário gastou um bom tempo avaliando o número ideal de galinhas misturadas às cabras e percebeu, também, que seria necessário fazer mudanças na rotina de limpeza dos estábulos.
A comida das cabritas fica em compartimentos mais altos e de difícil acesso às galinhas, para evitar a contaminação. Em contrapartida, o ciscar constante no solo do galpão deixa o palheiro arejado, ajudando na fermentação. Com isso, a cama de palha acaba sendo vendida por um bom preço como fertilizante diferenciado.
Com a criação consorciada o impacto dos parasitas foi minimizado. Ainda que alguns caprinos sejam naturalmente mais resistentes, uma infestação no sistema digestivo, por exemplo, pode prejudicar seriamente a produção de leite e até causar a morte. Utilizar medicamentos é uma opção, mas algumas pragas já têm se mostrado progressivamente resistentes ao tratamento.
Iogurte artesanal de leite de cabra
Além da criação de 70 cabras da raça “Camosciata dele Alpi”, a propriedade de Emanuele e Alessandra é dedicada ao cultivo de cereais e legumes orgânicos. Em um pequeno moinho, eles transformam cevada e centeio em uma farinha-base para macarrão integral.
No final do ano passado, o casal recebeu a distinção nacional “Bandiera Verde Agricoltura”, pela adoção de métodos inovadores no controle de pragas. Foram premiados também por produzirem o melhor iogurte artesanal de leite de cabra da Itália.
A Comissão Europeia considera a propriedade um exemplo de inovação e sustentabilidade para o resto do continente.