Os gongolos, também conhecidos como piolho-de-cobra e embuá, são excelentes trituradores de resíduos sólidos e podem produzir um adubo orgânico que não deixa nada a desejar do composto gerado pelas minhocas. Quem descobriu a novidade foram pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, no Rio de Janeiro, e agora a tecnologia está sendo difundida aos produtores de Roraima.
A gongocompostagem funciona por meio da parceria entre o gongolo e os microrganismos presentes no solo e nos resíduos. Os gongolos trituram os materiais, facilitando a decomposição por esses microrganismos. É por meio desta decomposição que os resíduos são transformados em adubo orgânico.
“Conhecemos a pesquisa da Embrapa Agrobiologia e achamos bastante interessante replicar em Roraima. É uma tecnologia simples, rápida e barata, e pode ser uma boa alternativa, não só para áreas rurais, mas também para moradores de terrenos urbanos realizarem o reaproveitamento de restos culturais, corte de grama, folhas secas e podas”, comenta o analista de transferência de tecnologia da Embrapa Roraima, José Alberto Mattioni.
O Agrônomo explica que o processo de gongocompostagem pode levar de 90 a 120 dias, dependendo do material utilizado e da umidade do local. “Quanto mais tempo os resíduos ficarem em contato com os gongolos, melhor será a sua qualidade. Também não há necessidade de revirar o material durante o processo”, esclarece.
Vantagens
Segundo Mattioni, uma das vantagens da gongocompostagem está no produto final gerado. O húmus do gongolo não precisa ser misturado a outros materiais, e já pode ser aplicado diretamente para a produção de mudas e também em hortas. Já no composto da minhoca, é recomendado ainda adicionar palha de arroz carbonizada ou pó de carvão para melhorar a textura do adubo.
Outra vantagem está na oferta desses animais no meio ambiente, facilmente encontrados embaixo de folhas, galhos e troncos. Na compostagem com minhocas o produtor precisa adquirir espécies especificas, como a vermelha-da-califórnia ou a gigante-africana, o que torna a atividade um pouco mais onerosa.
Quanto à qualidade do húmus gerado, são praticamente iguais, diz o agrônomo. Mas, em relação aos benefícios, há vários outros pontos a favor dos gongolos, além dos já citados. Por exemplo, o número de predadores desses animais é menor que os das minhocas, que são atacados por diversos insetos e pássaros. Assim, a perda do produtor também é menor. A gongocompostagem reduz ainda o volume dos resíduos em até 70%, sendo uma ótima opção para utilização em lixões.
Experimentos na Embrapa Roraima
Na Embrapa Roraima, a gongocompostagem está reaproveitando os resíduos orgânicos gerados na Sede da Empresa, como restos culturais e de podas. O substrato produzido é utilizado em mudas e aplicado nos canteiros da Unidade.
“O que fazemos é juntar os resíduos que já foram semidecompostos na composteira, transferindo o material para o gongolário, que é uma área com proteção, para que os gongolos não saiam. Lá, eles continuam com a trituração dos materiais, gerando o húmus”.
A construção do gongolário é simples, pode ser montada com uma cerca de tábuas ou sombrite e lona embaixo, com caixas de madeira ou caixas d’água avariadas, materiais que o agricultor tem na propriedade. Uma vez por semana é preciso checar a umidade e, se estiver muito seco, é necessário molhar o composto, explica Mattioni. Não há necessidade de revirar a pilha.
Além da aplicação em hortas, vasos de plantas e para a produção de mudas, o adubo produzido por meio do húmus do gongolo pode ser também utilizado em áreas degradadas para reposição da matéria orgânica do solo.
A tecnologia está disponível a visitação de produtores, técnicos, estudantes e demais interessados. Para conhecer a gongocompostagem, basta agendar sua visita a Embrapa Roraima pelo telefone (95) 4009-7135.