A crise de oferta de milho no mercado brasileiro tem gerado situações dramáticas. A semana começou com relatos das primeiras mortes de frango por ausência de ração no oeste catarinense, região tradicional de agroindústrias produtoras de proteína animal no Brasil.
A família Santiani trabalha com aves e suínos em Lindóia (SC) no sistema de contrato de parceria com a indústria da região. Hoje já faltou alimento para atender a produção e há três meses está faltando pagamento dos valores devidos pelo serviço de integração com frigorífico que fica na região.
“A situação que a gente enfrenta aqui é que a maioria dos produtores dessa integradora está sem receber o pagamento há mais de 90 dias. E também nos últimos dias se agravou a falta de alimentação para as aves da região. A falta de ração começou na quarta-feira da semana passada e ainda não foi regularizada. Hoje inclusive começaram as mortalidades por causa da falta de ração”, conta Leonardo Santiani.
Por telefone, a assessoria de imprensa da Globoaves esclareceu que os pagamentos estão atrasados e não há data para regularizar a situação. A empresa que, em períodos normais, abate 50 mil aves/dia deu férias a 97% dos funcionários até o próximo dia 30 de maio.
“A gente não tem nada de certeza para o dia de amanhã. Situação de incerteza se o frigorífico vai fechar as portas. Estamos sem pagamento, sem alimentação e sem clareza por parte da integradora de como vão ficar as coisas daqui para frente”, lamenta o Santiani.
A Associação Catarinense de Avicultura esclarece que o cenário atual é um dos mais desafiadores das últimas décadas.
“A gente está ciente desse contexto e ele nos preocupa sobre varias óticas. Temos o impacto social das famílias sofrendo, temos o impacto econômico da redução da criação de riquezas dentro do estado, temos impacto sanitário que pode acarretar outros problemas. O setor está trabalhando com o governo do estado para encontrar alguma solução para suprir essas pequenas indústrias que estão em dificuldades. Pelo menos, evitar que isso aconteça de forma escalonada”, esclarece o presidente da ACAV, José Antônio Ribas.
Segundo o Canal Rural, nesta segunda-feira, mensagens de produtores rurais dizem que mais uma indústria vai dar férias coletivas aos funcionários. Eles informam que a filial de Capinzal (SC), da empresa BRF, deve paralisar as atividades em função da crise de milho. Em nota oficial, a BRF afirmou que no período entre 24 e 31 de julho a área de abate de frangos e industrializados vai ficar paralisada, mas o motivo seria a instalação de equipamentos para melhorias no processo de abate