Um robusto apetite por cortes como pés, orelhas e focinhos de porco no país que é o maior consumidor mundial de carne suína está gerando uma alta do produto em Chicago. Na semana passada, os investidores elevaram as apostas na alta da carne suína ao nível mais alto desde janeiro e o número de contratos em circulação atingiu o nível mais elevado em dois anos.
Os custos inflados do milho na China forçaram os produtores do país a abaterem os rebanhos e reduzirem a produção de carne de porco, aumentando a demanda por mais importações. O país poderia comprar até 5 por cento da produção dos EUA neste ano, segundo Dermot Hayes, economista agrícola da Universidade do Estado de Iowa em Ames, Iowa, nos EUA. Os futuros de carne de porco estão sendo negociados perto do nível mais elevado desde 2014, ano em que os preços atingiram um recorde por causa de uma doença que mata os leitões.
“Se você tem um produto específico que, devido à sua cultura, a China consome e demanda, isso agrega valor”, disse Randy Spronk, presidente e coproprietário da suinícola Spronk Brothers III, em entrevista na semana passada na World Pork Expo, em Des Moines, Iowa. “No futuro, se eles reduzirem o rebanho de suínos ou aumentarem o consumo per capita, o potencial que existe por lá é fenomenal”.
Posição comprada
A posição comprada de futuros e opções em suínos deu um salto de 20 por cento, para 57.205 contratos, na semana que terminou em 7 de junho, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA divulgados três dias depois. Os futuros da carne de porco para liquidação em agosto estavam em alta de 0,2 por cento, a 86,775 centavos a libra-peso, às 8h50, na Bolsa Mercantil de Chicago. Eles chegaram a 87,95 centavos em 9 de junho, maior patamar para o contrato mais ativo desde dezembro de 2014, recorde para o contrato de agosto. O interesse aberto pelos futuros chegou ao nível mais alto em dois anos na semana passada.
O país asiático tem o hábito de comer o animal inteiro há gerações. Trata-se de uma vantagem para os produtores de animais dos EUA, porque a carne que os americanos às vezes prefeririam descartar tem um lugar do outro lado do oceano. As exportações de carne suína para a China continental, incluindo miúdos, subiram 117 por cento em 2016 até abril em relação ao ano anterior, segundo as últimas estatísticas do governo compiladas pela Federação de Exportações de Carnes dos EUA (USMEF, na sigla em inglês).
Os criadores americanos não são os únicos que estão de olho no mercado chinês. Os produtores enfrentam a concorrência acirrada da Europa, do Brasil e do Canadá, o que poderá limitar os aumentos de futuros da carne suína.
“A Europa ganhou uma parcela substancial de participação de mercado nos últimos anos e não desistirá disso facilmente”, disse Steve Meyer, vice-presidente de análises de carne suína da Express Markets, em entrevista em Des Moines.