Na cadeia avícola é crescente a preocupação com obtenção dos produtos carne e ovos de qualidade, por parte dos órgãos de fiscalização, mas principalmente pelos consumidores cada vez mais exigentes e atentos. Diante disso, os produtores devem buscar uma ração de boa qualidade livre de patógenos e contaminantes e, para isso, é fundamental o controle da matéria-prima utilizada na confecção das rações que as aves irão consumir.
A incidência de fungos nos grãos, principal matéria-prima da alimentação de aves, e a produção das micotoxinas, substâncias tóxicas geradas pelo metabolismo secundário dos fungos, causam impacto econômico no contexto mundial e sua importância é incontestável. Como os fungos ocorrem na prevalência de temperatura e umidade elevadas, o Brasil apresenta um ambiente favorável ao desenvolvimento, principalmente no período de verão. Aliado a isso, as práticas agrícolas como colheita, condições de transporte, secagem e armazenamento determinam a qualidade e o surgimento de grãos trincados, quebrados, brotados, o que influencia diretamente no aparecimento dos fungos e, posteriormente, na produção das micotoxinas.
Os grãos apresentam alta susceptibilidade à contaminação por fungos e podem ser contaminados em diferentes etapas do processo de produção, por exemplo, na fase de crescimento das plantas o Fusarium surge e produz micotoxinas antes ou logo após a colheita. Durante a secagem dos cereais os fungos do gênero Aspergillus e Penicillium incidem produzindo as chamadas micotoxinas de armazenamento.
No verão a preocupação aumenta, pois o período incide com o regime pluviométrico o qual interfere na secagem dos grãos, assim, a incidência aumenta e a prevenção fica prejudicada, devendo, nesse caso, atentar-se para medidas de controle. Dentre os diversos mecanismos para o controle, o uso de inibidores de fungos tem sido testado ao longo dos anos com resultados efetivos para o uso de ácidos orgânicos.
Outro importante mecanismo de controle é o uso de adsorventes de micotoxinas, prática comum e eficiente forma de redução, quando feita adequadamente. Para tanto, com o uso do adsorvente deve-se considerar não apenas sua ação sobre as micotoxinas, mas, também, avaliar se o produto utilizado não é toxico ou apresenta interferência sobre os nutrientes da dieta.
Os produtos inertes (argilas) têm a importante função de reduzir a absorção das micotoxinas pelo trato gastrointestinal da ave. Para que o produto seja eficiente, ele deve ser aprovado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), o que só consegue após ser submetido a inúmeros testes in vitro e in vivo. Nos testes in vitro deve ter capacidade de absorção de no mínimo 90% e, nas avaliações in vivo, o grupo de animais intoxicados com a presença de adsorvente na ração deve apresentar um ganho de peso superior ao grupo intoxicado sem adsorvente.
A incidência de micotoxinas aumenta no período de verão, desse modo, medidas de controle devem ser adotadas. Essas medidas começam pelo monitoramento da qualidade dos grãos e incidência de fungos, por meio de análises periódicas da matéria-prima e continuam com a utilização de produtos eficientes como inibidores de fungos e adsorventes de micotoxinas.