O horizonte está cinza. Inflação prevista entre 7 e 8% em 2015, desemprego aumentando e queda da massa salarial, ou seja, menos renda disponível, menos consumo. Áreas importantes da indústria em alerta, como o setor automotivo, onde a queda de vendas poderá ficar de 15 a 25%, dependendo do segmento.
A confiança do consumidor também se desmancha no ar, conforme levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em fevereiro último, apontando um índice de confiança de 85,4 – frente a 117,7, na média de 2006 a 2014. Paralelamente a isso, a intenção de investimentos também recuou (13,1%), comparando-se 2014 e 2015.
São números divulgados pela ABAG – Associação Brasileira de Agronegócio, a partir de estudos que encomendou para lastrear sua diretoria e associados. Dados preocupantes, temperados por hiatos de governança pública, que ampliam o desalento do cidadão, tudo isso com potencial para afetar negativamente o comportamento da economia.
O que fazer? Não vou querer ensinar a missa pro vigário, pois afinal o agronegócio vem mantendo – apesar de tudo e de todos – uma trajetória ascendente, modernizadora, e segue sendo uma espécie de sustentação do país. Mas vai que um dia essa energia seja abalada e, aí, recomendo atenção para o título dessa coluna, que tomei emprestado de um amigo e companheiro de lida – José Luiz Tejon.
Inovar, mudar, experimentar, empreender, trabalhar tem que ser o tônus para consertar as coisas no Brasil. É por isso que vemos uma Aurora se fortalecendo, o setor de adubação de precisão com micronutrientes acelerando, a rastreabilidade dando uma nova cara às nossas cadeias de HF e, logo mais, carnes. E a tecnologia disruptiva da biologia sintética anunciando revoluções na produção de grãos e indústria de alimentos.
Com ajustes na direção certa, o Brasil certamente voltará a crescer. Mas por enquanto, preocupado com os problemas e urgências de hoje, o país ainda nem está discutindo muito qual o caminho para um novo avanço econômico. Será na direção consumista que marcou nosso crescimento nas últimas décadas?
Acho que não e há sinais na sociedade que apontam para isso. E, se assim for, teremos fatores de sobra a mudar nossas vidas, atividades econômicas, valores e responsabilidades, inclusive no agronegócio – e apesar de todo o sucesso do setor. Isso se chama movimento da história.