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Descarbonização da economia - por Ricardo Ernesto Rose

Em todo o planeta é possível ver os primeiros efeitos do fenômeno das Mudanças Climáticas.

Descarbonização da economia - por Ricardo Ernesto Rose

Em todo o planeta é possível ver os primeiros efeitos do fenômeno das Mudanças Climáticas. Dentre estes, os que mais chamam a atenção por seu impacto e efeito prolongado, são as secas. Estas estão afetando várias regiões do mundo, de uma forma mais acentuada do que vinha ocorrendo no passado. Exemplo disso é a estiagem que ocorre na região Sudeste do Brasil. Apesar de cíclica, ocorrendo aproximadamente a cada 20 a 30 anos, na atual temporada está mais prolongada e severa. A deficiência na gestão da crise hídrica por parte de governos, contribui para tornar o problema ainda maior.

A médio e longo prazos as Mudanças Climáticas deverão ocasionar várias outras dificuldades ao planeta, como resultado dos fenômenos climáticos intensos. As economias de países situados em zona intertropical, como o Brasil, terão maiores chances de serem afetadas. Produção agrícola, geração de eletricidade, transportes, abastecimento de água, atividade industrial, serão alguns dos setores afetados.
Para tentar minorar a força destes eventos climáticos, nações já planejam ações para reduzir as emissões de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa, apontados pela ciência como a origem das mudanças do clima. Em recente reunião, o grupo dos G-7 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) decidiu descarbonizar as economias de seus países ao longo deste século, para manter o aquecimento da atmosfera abaixo do 2 ºC. Para isso, o G-7 decidiu acabar gradualmente com a dependência dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural).
No mundo industrializado 80% da energia é gerada através dos combustíveis fósseis. O plano que aos pouco se delineia, prevê a substituições dessas matrizes poluentes por tecnologias mais eficientes e outras não poluentes. Reduzir as necessidade de aquecimento, ventilação e refrigeração; produção de eletricidade a partir do sol, da água, do vento, do hidrogênio e da biomassa; melhorar a qualidade dos combustíveis, são algumas das estratégias previstas. O processo de descarbonização, já sabe o G-7, será longo e complexo, exigindo reformulações periódicas acompanhando o desenvolvimento tecnológico. O manifesto do grupo convida “todos os países a aliarem-se a nós neste esforço”.
O Brasil pertence ao grupo dos 15 países (África do Sul, Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Japão, México, Reino Unido e Rússia) responsáveis por cerca de 70% das emissões de gases no planeta. Todos certamente serão pressionados, de forma a darem sua contribuição na descarbonização da atmosfera.
Para cumprir com sua parte, o Brasil precisará reduzir, até eliminar, o desmatamento na Amazônia. A agricultura e pecuária também terão que dar sua contribuição, como na cultura do arroz e no manejo de resíduos. Outras providência devem incluir: forte apoio às energias renováveis e à volta das termelétricas para geração de reserva; a implantação de medidas de eficiência energética na indústria e na construção; implantação da política de resíduos urbanos; a recuperação da produção do etanol veicular e a melhora do rendimento dos automóveis a gasolina, entre outras. O país tem um potencial de redução de emissões muito grande. Para aproveitá-lo, é preciso planejamento, coordenação e cobrança de resultados; aptidões atualmente escassas no governo.