De acordo com pesquisa da Embrapa Milho e Sorgo (MG), nada menos que 15% dos grãos são perdidos por conta de um armazenamento inadequado. Insetos-praga, fungos, micotoxinas e ataques de roedores são os problemas mais comuns apontados pelo projeto “Segurança Alimentar na agricultura familiar: qualidade do milho armazenado na região central de Minas Gerais e Estratégias alternativas de controle de contaminantes”.
“Nas pequenas propriedades familiares que armazenam milho em espiga e que utilizam estruturas rústicas, como paióis de madeira, as perdas causadas por insetos e roedores podem, em alguns casos, alcançar mais de 40%”, afirma o pesquisador da área de Entomologia da Embrapa Marco Aurélio Guerra Pimentel.
“Junto com o esforço para o aumento da produtividade, o produtor precisa se atentar para esses cuidados [com o armazenamento], pois assim poderá guardar sua produção e comercializá-la em épocas do ano em que consiga melhores preços. Ou mesmo poderá manter o grão para garantir o fornecimento na entressafra”, aconselha.
Ele acrescenta que o agricultor precisa observar, também, o “zoneamento agrícola”, bem como “conhecer as condições ambientais da sua região de produção, para saber até mesmo o histórico de ataques de insetos às espigas durante o desenvolvimento da cultura no campo”.
Veja as principais recomendações dos pesquisadores da Embrapa:
• Armazenar o produto com o teor de umidade de 13% ou um pouco abaixo do nível usual de comercialização (12%).
• Classificar as espigas conforme o empalhamento. Separar as espigas bem empalhadas das mal-empalhadas. O bom empalhamento das espigas favorece a boa conservação, desfavorecendo o ataque de pragas. As espigas mal-empalhadas devem ser consumidas inicialmente e as espigas bem empalhadas podem ser consumidas posteriormente.
• Promover a limpeza dos grãos antes do armazenamento, no caso da produção a granel. Esta medida é importante porque os insetos têm mais dificuldade de infestar grãos limpos.
• Evitar a mistura de grãos recém-colhidos com grãos de safras anteriores.
• Assegurar que piso, telhado e paredes estejam em boas condições de impermeabilização.
• Realizar, antes do armazenamento e periodicamente (ou quando observar infestação), o tratamento da estrutura com inseticidas protetores. Assim, recomenda-se, após uma limpeza geral, a pulverização com inseticida, de efeito residual, devidamente recomendado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
• Utilizar sempre as dosagens recomendadas pelos fabricantes de inseticidas, que constam em rótulos e bulas dos produtos. No caso do expurgo, utilizar sempre lona plástica especial (com maior espessura) e não as lonas plásticas para uso geral. Manter o produto sob a lona pelo período de exposição indicado pelo fabricante (este não deve ser inferior a três dias).
• Produtos armazenados de safras anteriores que estejam infestados com insetos devem ser separados e expurgados com inseticida fumigante (fosfina), para eliminação de todos os estágios de vida (ovos, larvas, pupas e adultos).