O que estamos produzindo hoje? O que vamos produzir amanhã? Como vamos levar isso às fontes de consumo? Especialistas se debruçam sobre essas tendências na tentativa de deixar para trás a cultura brasileira de “apagar incêndio”. No cenário traçado pelo consultor de Logística e Infraestrutura da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Luiz Antônio Fayet, os investimentos devem ser direcionados para as regiões do país onde a produção de grãos irá se expandir nas próximas décadas. As novas fronteiras são formadas pelas regiões Centro-Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “Abaixo do paralelo 16, caso do Rio Grande do Sul, o crescimento da soja e do milho será marginal, ao passo que, para cima, com a disponibilidade de terra, poderemos até quintuplicar a produção”, projeta Fayet.
O cenário considera o esgotamento de terras para a expansão do cultivo de grãos na região Sul do país, onde devem crescer a produção de carnes de frango e suínos e também madeira. Com a mudança da geografia do agronegócio, os tradicionais corredores do Sul tenderiam a exportar produtos mais elaborados e conteinerizados, com o atendimento do mercado de granéis sendo paulatinamente realizado pelos portos do chamado Arco Norte – portos desde Porto Velho até o Sistema de São Luís.
Uma das boas notícias é que o Terminal de Outeiro, a ser construído pela Companhia Docas do Pará, poderá iniciar operações em 2014 com 5 milhões/t/ano, mas com capacidade final próxima de 18 milhões, passo decisivo para o Sistema Belém sair da capacidade “zero de exportação”, para tornar-se referência nos próximos anos. Já o Rio Grande do Sul, na opinião de Fayet, tem que brigar para derrubar os obstáculos à cabotagem (navegação entre portos do mesmo país), sob pena de não conseguir levar os excedentes de grãos, especialmente arroz e trigo, nem para o mercado interno, devido ao alto custo do frete. “A estratégia de desenvolvimento do agronegócio brasileiro determinou uma redistribuição de tarefas”, conclui.
Economia
Mudança na geografia da produção do agronegócio
Investimentos devem ser direcionados para as regiões do país onde a produção de grãos irá se expandir nas próximas décadas.