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Insumos

Paraná perde a liderança em grãos

Mato Grosso assume o posto. Agronegócio paranaense persegue elevação do PIB agrícola.

Paraná perde a liderança em grãos

A exceção virou regra e, a partir de agora, a agricultura paranaense dificilmente voltará a liderar a produção nacional de grãos, mostrou o primeiro levantamento da safra 2012/13 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira (9). A expansão das lavouras em Mato Grosso fez com que o Centro-Oeste ultrapassasse a Região Sul. Porém, isso não significa retrocesso para a economia do Paraná, que se volta para a industrialização e a diversificação das atividades rurais, com o objetivo de elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, avaliam os especialistas.

A safra nacional deve render até 182,2 milhões e toneladas de grãos, 10% a mais do que o volume recorde de 2011/12, e a produção de Mato Grosso deve ser 5,6 milhões de toneladas (15%) maior que a do Paraná, informou a Conab. Até o ano passado, a agricultura mato-grossense assumia a liderança apenas quando havia quebra climática nos campos paranaenses.

Será “difícil o Paraná recuperar a posição de maior produtor de grãos”, disse a economista Gilda Bozza, analista da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). A partir de agora, isso só deve ocorrer em caso de catástrofe climática no Centro-Oeste, apontou. “Em termos de PIB, continuaremos a ser o segundo estado, com 16%, perdendo apenas para São Paulo”, acrescentou.

Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Esalq/USP, a produção do campo é responsável por apenas um quarto do PIB agrícola. O setor de insumos responde por 10%, a indústria por 35% e a rede de distribuição por 30%, mostram as contas referentes a 2011.

Apesar de não ter espaço como Mato Grosso para expandir as lavouras, o Paraná tenta elevar a produção de commodities ampliando o rendimento por hectare e desenvolvendo outras cadeias, conforme a técnica de alimentos Andréia Claudino, coordenadora do Programa de Agronegócio do Sebrae. Os técnicos do projeto estimulam o beneficiamento da produção nas propriedades de menos de 50 hectares – 85% dos estabelecimentos rurais do estado.

Entre as alternativas que estão dando resultados, Andréia cita leite, queijo, aves, mel, embutidos, vinhos, cachaças e pães. “Em muitas propriedades, o que era uma alternativa virou a principal atividade em geração de renda.” A soja continua sendo o principal produto do agronegócio do Paraná. A estrutura de agregação de valor ao grão vem sendo ampliada pelas cooperativas e indústrias isoladas.

Na safra 2011/12, Mato Grosso já havia ultrapassado o Paraná, mas o quadro foi atribuído à seca que afetou a produção de verão em todo o Sul. A produção sulista ficou em 57,8 milhões de toneladas e a do Centro-Oeste chegou a 70,8 milhões. Até 2010/11, o Sul tinha a liderança, com placar de 67,7 x 56,8. A vantagem do Paraná sobre Mato Grosso era pequena, de 31,6 x 30,9 – sempre em milhões de toneladas.

A expansão das lavouras em Mato Grosso vem sendo contínua. Na última safra de milho de inverno, o cereal avançou 800 mil hectares (44%) e rendeu 15 milhões de toneladas (o dobro do volume colhido no mesmo ciclo de 2011). Esse teria sido o passo decisivo para a liderança mato-grossense na produção de grãos. Agora, a previsão é que a soja, em fase de plantio, avance entre 490 mil (7%) e 890 mil (12%) hectares, conforme a Conab.

Motivo para expansão vem dos EUA – A quebra de safra causada pela maior seca em meio século nos Estados Unidos é que motiva o Brasil a expandir a produção de soja e a alcançar safra de grãos recorde. Houve elevação sem precedentes nos preços das commodities e, mesmo nos EUA, a regra é elevar a produção assim que for possível. Essa tendência vem sendo confirmada nesta semana pela Expedição Safra Gazeta do Povo, que percorre o Corn Belt com uma equipe de reportagem. Enquanto a colheita avança rapidamente para a reta final, os produtores norte-americanos já preparam a terra para a safra 2013/14.

Em um percurso de 400 quilômetros de estrada, os repórteres encontraram apenas uma lavoura de soja em pé. Os jornalistas Luana Gomes e Christian Rizzi relatam que as máquinas estão varrendo também as plantações de milho entre os estados de Illinois e Iowa. Em parte das lavouras, só restam grãos que, por desperdício, ficaram para trás. Isso em regiões onde a colheita deveria se estender até o final de novembro.