Há 27 anos no Brasil, a sueca Munters está fazendo sua primeira grande expansão da unidade em Curitiba. Com um investimento da ordem de R$ 50 milhões, a fábrica se mudará da Cidade Industrial, na capital paranaense, para o município de Araucária, na região metropolitana. A nova unidade terá o dobro de área construída da atual, com 10 mil m2, e ficará pronta no segundo semestre do ano que vem, de acordo com o planejamento da empresa.
Para conduzir esse processo, a matriz escolheu, em julho, um executivo mais próximo ao mercado brasileiro para assumir a presidência da subsidiária. Carl Alvenius nasceu na Suécia, mas veio para o Brasil ainda criança. “A autorização desse investimento inédito, a minha entrada como executivo no Brasil, são indicadores importantes de que a empresa acredita no potencial do país”, disse Alvenius em entrevista ao Valor.
Atualmente, o principal cliente da fabricante de sistemas de controle de qualidade do ar é a rede Walmart, além de outros clientes comerciais e da agricultura, mas a companhia enxerga grande potencial para expandir os negócios no mercado aeroportuário. A ideia é capitaneada pela parceira brasileira GeoAir, que atua na elaboração e execução de projetos de climatização.
A brasileira detém exclusividade na comercialização dos equipamentos da Munters para o setor naval desde 2010, contudo o ritmo dos negócios de climatização de estaleiros não veio na velocidade que era esperada pela empresa. “O modelo de concessões de aeroportos abriu esse novo mercado para nós”, afirmou o presidente da GeoGroup, controladora da GeoAir, Paulo Ceschin.
Ceschin diz ver nos aeroportos oportunidade concreta e com possibilidade de crescimento rápido: “A questão dos aeroportos é uma demanda clara, ou o Brasil faz ou o país para”. Ceschin afirma que seu produto é muito atraente, pois além de levar a uma economia média de 30% no gasto com energia, um dos principais custos de um aeroporto, o sistema de controle de umidade, utilizado em conjunto com os aparelhos de ar condicionado, proporciona melhoria da qualidade do ar e impede a disseminação de doenças, o que deve ser cada vez mais cobrado por órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e pelos próprios usuários dos terminais.
O presidente da GeoAir disse já ter entrado em contato com algumas empresas, como a Engevix, uma das controladoras do aeroporto Juscelino Kubitschek (Brasília), e a Triunfo, do aeroporto de Viracopos (Campinas). A meta é que a companhia conquiste ao menos um contrato, no ano que vem, e chegue a 2014 com três a quatro terminais contratados. O mesmo tipo de produto poderá ser estendido a outros clientes, entre eles prédios comerciais, principalmente aqueles que buscam certificação ambiental.
A projeção da GeoAir com a entrada dos novos segmentos e continuidade na área naval é triplicar o faturamento já em 2013, para R$ 75 milhões. Segundo o planejamento, a receita com os projetos de climatização tem potencial para alcançar R$ 125 milhões, em 2014, e R$ 150 milhões, em 2015. Nesse planejamento, a GeoAir também crescerá em participação do resultado do grupo, que atua ainda com projetos de engenharia, saneamento básico e energia. Atualmente, a GeoAir representa cerca de 12% do faturamento da GeoGroup e tem estimativa de chegar a 36%, em 2015.
A Munters, por sua vez, prevê mais que dobrar seu ritmo de crescimento. Segundo Alvenius, a receita da empresa, no Brasil, aumentou em uma média de 6% nos últimos anos e, até 2017, o objetivo é alcançar uma alta média de 15% no resultado a cada ano. Este ano, a Munters no país deverá alcançar um faturamento de cerca de R$ 45 milhões. O faturamento global da companhia é de R$ 1,2 bilhão.