O segundo dia de programação do Painel Suinocultura – Desafios e avanços necessários para a moderna produção de suínos no Brasil contou com a apresentação exclusiva do diretor da Agrifoods Consultoria, Plínio Barbarino, que apresentou um panorama amplo das dificuldades que serão enfrentadas pela suinocultura brasileira para se firmar como fornecedora regular de carne para mercados internacionais exigentes que exigem qualidade e segurança alimentar.
Na visão do especialista são três os desafios mais importantes a serem enfrentados pela cadeia já no curto prazo. Dois deles dizem respeito direto a gestão do sistema de produção das granjas de suínos e um mais conjuntural, de mais difícil equação, relacionado ao câmbio.
Da porteira para dentro o desafio segundo o especialista está na busca por reduzir os efeitos do aumento do custo das matérias-primas usadas na produção de rações, em especial as variações nos preços das commodities, em especial milho e farelo de soja.
Outro ponto importante na visão do consultor está relacionado a um maior aporte de investimentos do setor produtivo na melhoria da qualidade do produto final, aquele que chega até a mesa do consumidor. “Esse tem sido atualmente a principal vantagem competitiva de países de maior tradição na produção suinícola mundial como Canadá e Dinamarca”, destaca o especialista que cita ainda um terceiro ponto ligado a questão da variação cambial, fator de forte influência negativa na rentabilidade do setor produtivo em geral, mas que causa danos ainda maiores para alguns setores da suinocultura que têm uma maior necessidade com relação aos mercados no exterior.
A respeito dos caminhos para o Brasil se manter competitivo no mercado internacional o consultor sinaliza para uma necessidade de o Brasil deixar de basear suas vantagens competitivas apenas em fatores ligados aos ganhos por escala e baixo custo de produção. A medida que o preços mundial das commodities agrícolas forem aumentando isso vai obrigar países como o Brasil, favorecidos atualmente por fatores climáticos e disponibilidade de água e terra, a se tornar mais competitivos também em qualidade e eficiência produtiva.
“O desafio nesse quesito está em expandir o olhar para o que o mundo está ofertando em termos de qualidade de carne e segurança alimentar, aplicando isso internamente. O foco tem de estar na demanda do consumidor e não apenas em produzir carne em quantidade e mais competitiva em termos de custo”, salienta Barbarino.
Outra exigência que já está batendo na porta do produtor brasileiro interessado em atender mercado no exterior está relacionada à questão ambiental. É preciso se atentar para a questão da segurança alimentar de garantir que a oferta de produtos seja 100% livre da presença de contaminantes, patógenos e demais agentes que possam colocar em risco a saúde do consumidor.
Segundo o especialista o consumidor mundial cada vez mais quer consumir produtos que venha de fornecedores preocupados com o meio ambiente, rastreabilidade da produção e que tenham preocupação social. Nesse contexto o setor produtivo terá de promover ajustes que permitam oferecer maior transparência a esse consumidor que está disposto a pagar mais pelo produto brasileiro, mas que quer ter certeza da qualidade e principalmente que saber se essa carne foi obtida de maneira equilibrada com relação ao uso dos recursos naturais e com relação ao respeito ao mundo e as pessoas.