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China

Gigante se abre para a carne suína

Enquanto a crise sangra a Europa e os Estados Unidos, o apetite chinês parece estar longe de ser saciado.

Gigante se abre para a carne suína

Enquanto a crise sangra a Europa e os Estados Unidos, o apetite chinês parece estar longe de ser saciado. Prognóstico do Banco UBS aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) do gigante do Oriente vai crescer 8,3% em 2012. Ainda que represente uma queda em relação ao PIB projetado para 2011, de 9,5%, é um desempenho que não consegue ser igualado por nenhum outro país nestes tempos de crise. Além da consolidação do comércio de produtos agrícolas que compõem a pauta do Brasil para a China, tais como soja, frango e açúcar, há um horizonte a desbravar para um novo produto, a carne suína – que recentemente teve o mercado aberto.

O fato soa como música aos ouvidos dos exportadores brasileiros que, após quase cinco anos de negociações, têm a chance de diversificar a pauta, até agora majoritariamente centrada na Rússia. O parceiro do Leste Europeu tem se mostrado bastante instável. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, é possível que a China se transforme no maior comprador do produto nacional já em 2012, com 200 mil toneladas (t), contando com Hong Kong. Pela primeira vez na história, já em 2011, a ex-colônia britânica importará uma carga significativa do Brasil, projetada em 130 mil t pela Abipecs, devendo ultrapassar a Rússia. Até o momento, o país do Leste Europeu importou 120.732 t.

A triangulação – produto importado por Hong Kong e direcionado para a China – é sintoma de uma praga que corrói a economia do país comunista: a alta da inflação, inclusive sobre os alimentos. Segundo o diretor da Câmara de Comércio Brasil-China (CCBC), Kevin Tang, o gigante asiático está buscando diversificar os fornecedores. “A carne suína, que é a principal proteína animal consumida, ocupando mais de 50% da demanda, já teve aumento de 35% ao ano. Ampliando o número de fornecedores, o governo quer conter a inflação.” De acordo com Tang, a carne, que já é reconhecida como produto de luxo, não pode ser objeto de consumo de ricos. Por isso, o diretor da CCBC é otimista em relação a uma possível ampliação da demanda pelo produto brasileiro.

“Existem condições de ultrapassar a Rússia facilmente já em 2012.” Além da população descomunal, de mais de 1,34 bilhão de habitantes, e ainda predominantemente rural, em fase de migração para a cidade, com um potencial de crescimento, portanto, inigualável, a produção e o consumo da carne suína chegam a 50 milhões de toneladas.

Camargo é mais prudente. Ao mesmo tempo que o executivo projeta embarques de 200 mil t para o parceiro comercial do Oriente, condiciona tal desempenho à habilitação de novos frigoríficos. “O objetivo em 2012 será habilitar o máximo de plantas, mas esse processo poderá não ocorrer no próximo ano.” Atualmente, somente as unidades da Seara e da BRF em Rio Verde (GO) e da Aurora, em Chapecó (SC), podem exportar. Se confirmado, o volume exportado será substancial para a cadeia brasileira – que deverá exportar 500 mil t em 2011 -, mas um grão de areia para o mercado chinês. “Poderíamos vender 600 mil t que, ainda assim, seriam absorvidas. Para dar conta do mercado, teríamos que aumentar o número de matrizes, o que é factível se a demanda for ampliada.”