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Insumos

Soja no Norte e NE

Insumo encontra novos espaços nestas regiões brasileiras. Produção na Safra 2009/2010 deve crescer 8,6%.

Soja no Norte e NE

As novas fronteiras agrícolas do País anunciam projetos de infraestrutura para atender a produção de grãos crescente na região. Nesse processo, a soja é apontada como o principal fator de expansão. Na safra 2009/2010, as regiões Norte e Nordeste devem registrar um aumento de área para o cultivo da soja de 8,6% e incrementar a produção em 15,7%, para 6,44 milhões de toneladas – cerca de 10% da produção nacional do grão. O destaque fica para os estados do Maranhão, Tocantins e Piauí – região conhecida por Matopi – onde o crescimento da safra será acima de 18%, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Terras mais baratas e facilidades logísticas continuam atraindo grandes empresas para essas regiões. No Norte e Nordeste, o preço médio das terras é de R$ 1,4 mil por hectare e R$ 2 mil por hectare, respectivamente, enquanto o preço médio na Região Sul do País supera R$ 9,2 mil por hectare.

Na infraestrutura, os avanços seguem na mesma velocidade da produção local. Nesta semana, o projeto do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) está sendo apresentado ao setor produtivo. O orçamento do empreendimento é de aproximadamente R$ 800 milhões, que serão aplicados na construção de quatro armazéns, novos terminais rodoviários e ferroviários de descarga e uma correia transportadora com capacidade para 4 mil toneladas por hora, até 2013. O projeto prevê uma capacidade final de atendimento de 15 milhões de toneladas de grãos e farelo. Hoje é de 2 milhões de toneladas.

Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja/MT), afirma que apenas 15% das exportações brasileiras de soja são escoadas pelos portos do Norte e Nordeste, que encurtam o tempo de navegação até os países consumidores em até quatro dias. “Com os investimentos previstos no Projeto Tegram e em modais de transportes, que aumentarão o fluxo para os portos do Norte, esse percentual subirá para até 25% nos próximos 10 a 15 anos”, afirma. Apesar de a maior parte dos projetos ser de longo prazo, as melhorias logísticas já estão gerando uma série de contratos. Ontem, a Vale assinou com a Bunge, um dos principais clientes da logística de carga geral, um contrato de 11 anos para o transporte de até 200 milhões de litros de álcool por ano pela Ferrovia Norte Sul (FNS) para atender aos clientes do Estado do Tocantins. No final do ano passado, a Amaggi e a francesa Louis Dreyfus anunciaram uma joint-venture para ampliar a atuação na região.

A região também tem avançado na agricultura irrigada. Só no Tocantins o uso da tecnologia vai permitir um aumento de 10% na produção de soja e arroz nesta temporada. A produtividade registra bons resultados. A média do Piauí é de 2.950 quilos de soja por hectare, enquanto a média nacional é de 2.825 quilos.

Para atender uma crescente demanda mundial por soja, que hoje é da ordem de 233,4 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), além de ampliar a produção para novas regiões, a biotecnologia também é cada vez mais utilizada na busca pelo aumento da produtividade. Hoje, um grupo de cientistas norte-americanos e japoneses publicará o estudo que aponta o sequenciamento completo do genoma da soja, o permitirá o aperfeiçoamento da produção e o desenvolvimento de variedades mais resistentes a doenças e pragas, dizem pesquisadores.

Segundo os cientistas, será possível acrescentar características associadas aos aspectos nutricionais, como fazer com que a soja seja melhor digerida pelo homem e pelos animais. O sequenciamento também possibilitará aos cientistas uma melhor compreensão da capacidade da planta em transformar o dióxido de carbono (CO2), água, luz solar, nitrogênio e minerais em energia, proteínas e nutrientes para consumo do homem e animais.

O trabalho também deverá se tornar referência para a pesquisa genética em outras 20 mil variedades de leguminosas. “Vamos conhecer melhor as condições de integração e quais aspectos podem afetar as outras espécies, tais como o rendimento”, explica o pesquisador norte-americano Scott Jackson, um dos coordenadores do projeto.