As estimativas foram divulgadas ontem (10/02) pela presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Ela disse que “os preços foram bons, a comercialização fluiu, mas o produtor rural perdeu renda em 2009”, e os reflexos disso são percebidos na redução de despesas nos tratos culturais deste ano.
De acordo com a senadora, um dos efeitos gerados pela queda de renda foi a redução no volume de entrega de fertilizantes para o cultivo da atual safra agrícola, e os pecuaristas deixaram de adquirir os compostos nutricionais para alimentar os rebanhos. “Eles optaram pelo uso do milho, o que prejudicou a indústria de rações”, acrescentou.
Kátia Abreu alerta que a queda de renda dos ruralistas exige atenção especial no médio prazo, uma vez que o produtor sofreu processo de descapitalização e tende a enfrentar dificuldades que não se restringem à redução de gastos com tratos culturais. Ela ressaltou a possibilidade de o agricultor ou pecuarista precisar de maior acesso a linhas de capital de giro, em futuro próximo.
Além da descapitalização, alguns segmentos do agronegócio enfrentam outros problemas no momento, segundo a senadora. Caso da cultura de arroz, no Rio Grande do Sul, que já perdeu em torno de 1 milhão de toneladas nesta safra, por causa de desequilíbrios climáticos; caso também do aumento da produtividade na cultura de soja, com frustração de preços para o produtor.
Os números anunciados pela CNA resultam de cálculos realizados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP) sobre resultados de janeiro a novembro do ano passado, quando o PIB do agronegócio acumulava queda de 5,66%. A retração foi de 0,47% do PIB em novembro, semelhante à queda de 0,50% no mês anterior, e a expectativa do setor é de redução parecida também no mês de dezembro.
Frente a essa trajetória de “persistentes inclinações negativas é que se torna possível estimar uma queda consolidada de 6% em 2009”, conforme explicou a chefe da área de Assuntos Econômicos da CNA, Rosimeire dos Santos. Pelos seus cálculos, o PIB do setor rural voltará ao patamar de 2007, quando atingiu R$ 714 bilhões.