Nos próximos dois anos, o mercado da soja terá tendência de baixa e quanto antes o produtor se desfazer de seus estoques, menos prejuízo terá. A avaliação é do engenheiro agrônomo e consultor de mercados Fábio Meneghin, coordenador da equipe do Rally da Safra, uma expedição focada no levantamento de dados para a produção de soja e milho e que percorre os 12 Estados com maior produção agrícola do Brasil, para avaliar a produtividade e coletar amostras.
”Existe uma previsão de recorde na colheita de três países, Estados Unidos, Argentina e Brasil. Observamos que os preços já começaram a cair e, por enquanto, o que ‘segura’ a cotação da saca de soja é a valorização do dólar. Recomendo ao produtor tentar antecipar cada vez mais sua receita, utilizando mercados futuros para garantir renda para este e para o próximo ano desde já”, destaca Meneghin.
Na sua avaliação, o ideal é trabalhar com o maior número possível de opções de comercialização. ”Hoje o preço está razoável, porém, no decorrer da safra e na próxima colheita os valores tendem a cair ainda mais. Chicago indica previsão de aumento nos estoques, o que tente a forçar para baixo os rendimentos das commodities. Existe, porém, uma demanda contínua na China e na Europa, que vêm comprando muito, porém esse fator já está embutido no nosso cálculo”, afirma.
Segundo o consultor, o clima tem colaborado e a safra tende a ser cheia em todos os Estados percorridos pela expedição. ”Ano passado o Paraná sofreu muito com a seca e os prejuízos foram maiores para quem plantou soja precoce. O milho safrinha nos três Estados do Sul também apresentou baixa produtividade”, lembra.
No entanto, nem tudo está perdido. ”O humor do produtor é dos melhores, pois está colhendo bem. Ano passado o produtor paranaense colheu pouco, mas havia preço bom. Este ano está acontecendo o inverso”, analisa. Segundo ele, significa dizer que a rentabilidade por hectare está semelhante à da safra do ano passado, com rendimento médio de R$ 400 a R$ 500 por hectare.
Expedição – A expedição entra em sua sétima edição e reúne oito equipes. Começou em janeiro e prossegue até 22 março. O grupo já percorreu lavouras em Goiás, passou pelo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e agora visita o Paraná. Chegou ontem à Maringá (Região Noroeste) para avaliação da safra de soja e milho. Ao todo, a equipe percorreu lavouras localizadas em 20 municípios das regiões Oeste e Noroeste. Em todo o País serão percorridos 500 mil quilômetros para analisar cerca de 1,5 mil amostras em todo o Brasil. A expectativa é percorrer 98% da área cultivada de soja e 80% da área com milho em todo país. Os dados qualitativos e quantitativos do Rally da Safra compõem o principal levantamento privado da safra de grãos brasileira.