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Soja em 2011

Segundo analistas, os resultados da safra de soja em 2011 repetirá os números de 2010, com produtividade em alta.

Soja em 2011

Depois de aumentar 10 milhões de toneladas neste ano, a próxima safra de soja do Brasil (2010/11) poderá apenas igualar a atual. Isso se tudo der certo, avaliam especialistas.

Essa estabilidade deve ocorrer porque o Brasil registra produtividade recorde neste ano e clima favorável na maior parte das regiões produtoras, algo que não será fácil de se repetir.

“Sendo conservador, teremos a mesma área; sendo otimista, um pequeno crescimento. Então podemos esperar a safra do ano que vem do tamanho desta”, afirmou o diretor da Agroconsult, André Pessoa.

O Brasil está terminando de colher uma safra de soja oficialmente estimada em 67,4 milhões de toneladas, ante 57,1 milhões em 2008/9. Mas na avaliação de alguns consultores fica próximo de 68 milhões.

Pessoa, assim como outros analistas ainda cautelosos em falar sobre a próxima safra, diz que a “chave” para a próxima temporada estará no milho, cujos estoques estão elevados no país e os preços, pressionados.

“Diria que para as duas principais culturas a tendência é baixista. Estamos com muito estoque, tanto de soja como de milho”, afirmou Jacqueline Bierhals, da AgraFNP.

No Sul e no Sudeste, onde há forte concorrência entre milho e soja, a oleaginosa -produto com maior liquidez para a comercialização- sairia vencedora, segundo Eduardo Godoi, da Agência Rural. “Acho que a soja pode avançar, não pelo cenário de soja estar bom, mas pelo fato de o mercado de milho estar pior ainda”, diz Godoi.

Para ele, em Mato Grosso, principal Estado produtor de soja do Brasil, as condições de mercado para o crescimento de área são difíceis, uma vez que as condições logísticas deficitárias em relação ao Sul/Sudeste e a distância dos portos exportadores reduzem os ganhos dos produtores.

“O que posso dizer com certa segurança é que no cerrado é muito difícil pensar em expansão significativa, tanto pela parte ambiental como pela de renovação de pastagem. A soja deixou pouca receita por hectare, por isso fica difícil o incremento”, diz ele.

Redução de área

Com rentabilidade por hectare reduzida em Mato Grosso, há quem avalie até mesmo que o plantio será reduzido, redução essa que seria compensada por eventuais aumentos de área no Sul, em terras antes cultivadas com milho.

“Se analisarmos hoje o resultado da safra 2009/10 que acaba de ser colhida, o produtor do Centro-Oeste, em particular de Mato Grosso, não consegue fechar a conta e ele toma prejuízo”, disse o diretor da Céleres, Anderson Galvão.

“A consequência disso para mim, no curtíssimo prazo, é que não tem espaço para crescimento de área no Brasil na safra 2010/11. Ao contrário, acredito que vai haver recuo de área plantada”, destacou.

Uma alta nos preços dos fertilizantes, que representam a maior parte dos custos de produção, seria outro limitante para 2010/11, segundo o analista da Céleres, além de uma boa safra de soja nos Estados Unidos, onde o plantio aumentou.

A safra dos Estados Unidos, o maior produtor mundial, seguido pelo Brasil, acaba determinando os preços globais. O que significa dizer que uma frustração climática norte-americana também pode mudar todo o cenário.

“É preciso ver como será a safra dos Estados Unidos. Se tiver alguma quebra, o preço pode melhorar”, observou o economista da Abiove, Henrique Paes de Barros, evitando fazer prognósticos.