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Capital israelense

Milenia, empresa de Israel, ampliará troca de insumos para crescer no País e aposta em bom momento do mercado de grãos.

Para a israelense Milenia Agrociências, a alta dos grãos devido as perdas em função das alterações climáticas mundiais beneficia o produtor brasileiro e o setor de defensivos, especialmente para negócios gerados na modalidade barter (troca). Tanto que a indústria estima aumentar para 30% a comercialização anual dentro do sistema de crédito. Atualmente, o barter responde por 15% a 20% dos negócios gerados por ano na Milenia. “O mercado vai passar por um momento bom de novo”, afirma Luiz José Fraga Moreira Traldi, diretor de Planejamento Estratégico da Milenia.

Segundo ele, o momento ideal para o agricultor travar preços no barter é justamente quando as cotações de mercado na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F) atingirem picos acima da média e dos valores de referência. Projeções do setor indicam que a comercialização de defensivos no Brasil, em 2009, será de US$ 6,6 bilhões. “Devemos acompanhar o crescimento do segmento em 2010, entre 5% e 10%”, prevê Traldi. A Milenia produz e opera no sistema barter proteção para as culturas da soja, algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, citros, feijão, trigo e milho. “No entanto, nos grãos cujas cotações são em reais, é mais difícil negociar barter”, observa.

Para o diretor, outro fator que pode ajudar os agricultores brasileiros, além da disponibilidade de crédito via barter, é a quebra na safra de trigo e a suspensão russa aos embarques de grãos, favorecendo a exportação nacional. “Com a falta de trigo na Europa, o cereal será priorizado para alimentação humana. Então, vai faltar ração e a opção será o milho”, prevê.

O milho no Brasil, segundo Traldi, passa a ser uma commodity importante e a expectativa para exportação do grão passa a ser positiva. “Os produtores que haviam decidido abandonar a cultura, já tiveram que repensar. A área de milho vai cair menos do que o esperado. Acredito que no máximo 10%”, pondera.

No entanto, o executivo da Milenia acredita que a falta de competitividade do Brasil ante o mercado internacional está, principalmente, na falta de estrutura. “Se o governo federal quiser fazer alguma coisa deveria olhar para logística”, afirma.

De acordo com Traldi, o estado de São Paulo é o maior consumidor dos produtos Milenia. “No País, o Mato Grosso é o que mais absorve defensivos agrícolas”, diz. Segundo ele, a Milenia estima para este ano exportar US$ 20 milhões, e importar matéria-prima de algumas sínteses, principalmente de Israel, no montante de US$ 130 milhões.

A Milenia Agrociências, sétima maior no mercado de defensivos agrícolas e que pertence ao grupo Makhteshim Agan, registrou um faturamento de R$ 846,717 milhões em 2009, o que representa 18% dos negócios do grupo e mais de 70% das operações realizadas na América Latina.

A Makhteshim Agan, presente em mais de 100 países, registrou, em 2009, uma receita global de US$ 2,2 bilhões.

A crise mundial iniciada no último trimestre de 2008 teve forte influência nos resultados da Milenia. Em 2009, as receitas gerais apresentaram uma redução de 7%, passando de R$ 924 milhões em 2008, para R$ 853 milhões no ano passado. “Neste período, o custo dos insumos avançou 22%”, diz. A indústria, que opera há 40 anos no País, é responsável pela produção de 35 herbicidas, 16 inseticidas, 13 fungicidas e matérias-primas para o mercado agroquímico.

A Milenia possui duas plantas, uma em Taquari (RS), com capacidade para 32 milhões de quilolitros por ano, e uma em Londrina, no Paraná, com capacidade total para produzir 90 milhões de litros por ano, além de filiais e regionais de vendas espalhadas pelo País. A unidade de Taquari é fornecedora global de princípios ativos de diferentes formulações do grupo. Já a planta de Londrina opera com laboratórios de desenvolvimento e controle de qualidade e também é responsável pela formulação da maior parte dos defensivos agrícolas comercializados pela Milenia.

Investimentos

Para 2010, a Milenia tem aprovado, na área de tecnologia de informação, US$ 2,2 milhões para investir em ferramentas de gestão voltadas a melhorias de processo e atualização da plataforma TI. “Além disso, todo valor de depreciação da planta é reinvestido anualmente em melhorias”, acrescenta Traldi.

A Milenia, em Londrina, investe ainda em educação para comunidade jovem. O projeto Formare, desde 2002, seleciona 20 jovens para aulas de reforço escolar e ainda aprendizado profissionalizante. Cada aluno recebe por mês, um salário mínimo para aprender com os colaboradores da Milenia.