Os preços do milho estão subindo e prometem rebater a tendência de recuo no plantio da segunda safra do ciclo 2010/11 no Paraná, que começa em janeiro, informam os técnicos do setor. O valor pago ao triticultor no estado se aproxima de R$ 20 por saca (31% acima do preço de dezembro de 2009), apesar de as chuvas estarem derrubando, dia após dia, as estimativas de quebra neste verão.
Já contando com uma produção regional maior que a prevista para o verão de La Niña- com risco de seca -, as cotações se sustentam pela tendência de quebra na Argentina e no Rio Grande do Sul, onde realmente vem ocorrendo falta de chuva. Pesam também fatores como a redução do plantio na primeira safra registrada em todo o Sul do país e o aumento das exportações de milho nos últimos três meses.
Os preços em Mato Grosso, próximos de R$ 15 a saca nas principais regiões produtoras, indicam que as estratégias do setor para reduzir a oferta excessiva – que abateu as cotações nos últimos dois anos – estão funcionando. Os leilões promovidos pelo governo para incentivar o escoamento ajudaram a alavancar as exportações, que acabam de atingir 8,9 milhões de toneladas – 5,3 saindo de Mato Grosso (60%) e 1,8 milhão do Paraná (21%) -, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O setor espera exportar 10 milhões de toneladas até o fechamento dos números deste ano. Mas, com um volume acima de 8,5 milhões já superaria a meta estabelecida pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nesse ritmo, os estoques finais do país serão de 9 milhões de toneladas de milho – 14% abaixo dos registrados um ano atrás.
Os estados do Sul reduziram o plantio de verão em 9,8% (270 mil hectares), conforme a Expedição Safra Gazeta do Povo. O Paraná foi responsável por recuo de 170 mil hectares e cultiva atualmente 767 mil hectares – menor área registrada pelas estatísticas oficiais acumuladas a partir de 1976/77. Com recuo de 18,4% no cultivo, o estado deve produzir 5,29 milhões de toneladas, considerando queda de 4,2% na produtividade.
A seca que vem sendo registrada na Argentina e no Rio Grande do Sul deve sustentar os preços e fazer com que o plantio da segunda safra seja maior que o do ano passado no Paraná, avalia o agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) Otmar Hübner. O órgão é ligado à Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Com possibilidade de quebra numa parcela estimada entre 10% e 30% das lavouras, o Rio Grande do Sul paga até R$ 27 por saca de milho ao produtor, informa a Emater gaúcha. A média atual (R$ 23 por saca) está 20% acima da praticada no ano passado. A Emater trabalha com estimativa de quebra de 17% para o milho. A Expedição Safra prevê recuo de 9,2% no estado.
O fato de os produtores estarem planejando redução de aproximadamente 10% no plantio de trigo no Paraná também deve aumentar as apostas na segunda safra de milho, acrescenta Hübner. O primeiro levantamento oficial do Deral será elaborado a partir de janeiro.
A tendência de aumento no plantio do milho de inverno vem sendo cogitada também pelos técnicos da cooperativa Coamo e da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Ano passado, o estado plantou 1,3 milhão de hectares de milho na segunda safra – área 10% menor que a do período anterior. A produtividade, no entanto, foi bem maior, elevando a produção em 50%, para 6,76 milhões de toneladas.