Mato Grosso carrega, na safra 10/11, a responsabilidade de segurar a safra nacional de grãos e fibras. Em outras palavras, o sucesso da safra brasileira está diretamente ligado à performance que será observada nas lavouras mato-grossenses. O grande boom da nova temporada serão a soja e o algodão, culturas em que Mato Grosso é o maior produtor nacional. Se as estimativas do 3° levantamento de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira (9), se confirmarem, o Estado ampliará de 19,46% para 20,69% a sua participação na produção total nacional e ficando ainda maior.
Para a safra 10/11 são esperadas – entre grãos e fibras – 149 milhões de toneladas, das quais, 30,84 milhões, virão de Mato Grosso. Com a consolidação da projeção, Mato Grosso retoma o título de maior produtor nacional, posição já ocupada na safra 08/09. Paraná, principal concorrente, tem estimativa de queda de 5,2% e deverá atingir 29,71 milhões de toneladas.
A retomada da pujança mato-grossense, principalmente em produção, já havia sido observada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato). Apesar de um começo de safra difícil para Mato Grosso, consequencia da forte estiagem até meados de outubro, os produtores embalados pelas projeções de queda nos estoques mundiais de grãos e na forte valorização das commodities, aceleraram as máquinas e já concluíram o plantio de soja dentro do período ideal e já estão em campo para semear o algodão. O maior estimulador sem dúvidas são os preços. Conforme o Imea, a soja, o milho e algodão, acumulam altas – valorização observada somente a partir deste semestre – de 53%, 98% e 105%, respectivamente.
“Provavelmente vamos bater recorde de produção da soja nesta nova safra”, afirma o presidente da Famato, Rui Prado.
Segundo a análise dos números da Conab, enquanto Mato Grosso avançou 1,23 pontos percentuais (p.p.) na participação da produção nacional, a evolução em área plantada foi de 0,24 p.p. Na safra passada, o Estado produziu 28,85 milhões t em uma superfície de 9,11 milhões de hectares (ha). Para o ciclo 10/11, Mato Grosso deve atingir o recorde de 30,84 milhões t, 6,9% acima da produção anterior, em uma extensão de 9,34 milhões ha, em área plantada o acréscimo é de 2,5%. Se a cobertura de solo se confirmar, haverá também novo recorde ao Estado. No entanto, comparando a evolução de hectares de Mato Grosso com a registrada no Brasil, o que se observa é que na safra passada o Estado respondeu por 19,22% da área e nesta a participação deverá ser de 19,46%. Em todo país serão cultivados 47,98 milhões ha contra 47,38 milhões no ano passado.
Culturas – Com a vedete da nova temporada, a pluma de algodão, Mato Grosso responderá por 51% do volume nacional, contra 48% na última safra e em relação ao Centro-Oeste, o Estado será responsável por mais de 80% das 1,14 milhão t. Estão previstas pela Conab a produção de 935 mil t, alta de 60,3% sobre as 583 mil t colhidas anteriormente. Outro percentual superlativo é em relação à expansão da área plantada, mais 43%. A cobertura com o algodão passa de 428 mil ha para 614 mil. O Brasil deverá colher 1,83 milhão t.
Soja – Cerca de 46% da produção nacional é de soja e do total da oleaginosa, Mato Grosso ofertará 40% do volume do Centro-Oeste e 28% do nacional, evolução de 1 p.p. em relação à temporada passada. As estimativas apontam para uma produção no Estado de 19,49 milhões t, 3,9% acima da safra 09/10. Em relação à área, o aumento é de 2,4%, já que a cobertura vai a 6,37 milhões ha ante 6,22 milhões no ciclo 09/10.
Arroz – A situação do cereal será ainda mais crítica para 2011. Se a área plantada ficar em 170 mil ha como prevê a Conab – redução de 31% ante 246 mil da safra 09/10 – Mato Grosso registrará a menor área de toda a série histórica da cultura no Estado. Nos últimos 34 anos, a área plantada vem sendo reduzida drasticamente. Na safra 76/77, por exemplo, foram plantados mais de 1,5 milhão ha. Se a projeção para o próximo ano se confirmar, a atual safra estará ocupando pouco mais de 10% do que foi há três décadas, quando os produtores sulistas chegavam ao Estado e faziam do arroz a cultura para abertura de novas áreas. A queda na produção também será a menor, se atingir 514 mil t, ante 742 mil t, redução de 30,8%.
Milho 2ª Safra – O tamanho da safrinha depende do volume que será colhido de soja até meados de fevereiro, última chance para se cultivar o milho no Estado. Mesmo considerando o atraso no cultivo da soja e a possibilidades de fortes chuvas que poderão retardar a colheita, Mato Grosso seguirá como o maior produtor nacional do milho safrinha. Segundo a projeção da Conab a área plantada está mantida em 1,9 milhão ha, porém, a produção estará 11,9% maior, ao passar de 7,70 milhões t para 8,62 milhões t.