Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Insumos

Soja tem maior preço em um ano

Bolsa de Chicago encerra pregão com valorização de 8,50 pontos nos preços internacionais da oleoginosa.

Soja tem maior preço em um ano

Depois de escorregar para o terreno negativo no início da semana, os preços internacionais da soja recobraram força e encerraram o pregão de ontem (22) com alta expressiva na Bolsa de Chicago (CBOT). O primeiro vencimento da oleaginosa (com entrega em novembro/10) encerrou os negócios com valorização de 8,50 pontos, valendo US$ 10,885 o bushel (27,2 quilos), ou US$ 24 a saca de 60 quilos. É o maior valor de fechamento em mais de um ano.

O aperto na oferta de trigo após a quebra das safras da Rússia e Cazaquistão, os rendimentos abaixo do esperado nas primeiras lavouras de milho colhidas nos Estados Unidos e o clima seco que atrasa o plantio na América do Sul foram os motivos apontados por analistas para o movimento de alta.

“O fator Rússia mudou toda a dinâmica do mercado para a próxima safra. E aí a questão da briga por área nos Estados Unidos volta com força. A temporada 2010/11 já é passado. O que o mercado quer saber agora é como será o ciclo 2011/12”, considera Daniele Siqueira, analista da AgRural.

Ela explica que a quebra da safra russa, um dos principais exportadores de trigo do mundo, está fazendo com que os norte-americanos aumentem o plantio do cereal de inverno. Isso faz com que o trigo ganhe terreno na porção sul dos estados do Leste do Corn Belt, tradicionais no cultivo de grãos de verão. “O milho sobe porque tem estoques apertados e está perdendo área para o trigo. Então a soja tem que correr atrás para não perder terreno”, diz.

“Em regiões onde é possível fazer duas safras por ano, percebemos que um número muito maior de produtores irá plantar trigo”, confirma Jason Ward, analista da Northstar Commodity Investment, de Minneapolis. Até o início da semana, 18% da área reservada ao trigo de inverno nos EUA haviam sido semeados, mostra relatório de acompanhamento de safra do USDA, o departamento de Agricultura do país. Até o momento, 8% da soja e 18% do milho foram colhidos. Nos três casos, os índices superam as médias históricas.

O mercado da soja está até mais firme que o do milho nos últimos dias, observa o analista norte-americano Jack Scoville, vice presidente do grupo Price Futures. “Em parte, isso se deve à necessidade de manter a relação do preço da soja para o do milho acima de dois na CBOT para estimular o plantio da oleaginosa no próximo ciclo nos EUA. Mas o clima na América do Sul, que está muito seco, também influencia. Sabemos que o La Niña pode ter um impacto negativo severo na safra sul-americana”, relata.

No balanço geral, contudo, a vantagem ainda é para o milho. Desde julho, quando iniciaram a trajetória de alta, os preços do cereal acumulam valorização de 43%, contra 15% da soja. O trigo ainda é a locomotiva dos ganhos, com alta de 55% no período. Na comparação com esta mesma época do ano passado, a soja subiu 18%, o milho 55% e o trigo 58%.

Após o salto, milho e trigo retornaram a patamares em que trabalhavam em setembro de 2008. No milho, os papéis com vencimento em dezembro encerraram a sessão de ontem praticamente estáveis, cotados a US$ 5,05 o bushel (25,4 quilos), ou US$ 11,93 a saca. O primeiro vencimento do trigo teve ligeira alta de 1,75 ponto e terminou a quarta-feira valendo US$ 7,1975 o bushel (27,2 quilos), ou US$ 15,88 a saca.