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Governo investe em logística para fomentar o agronegócio

Atualmente, os gastos com frete no Brasil correspondem a 20% do custo de produção, enquanto em países como Estados Unidos e Canadá o custo é de aproximadamente 7%.

Redação (7/4/2009) – Escoamento mais rápido, redução no custo do frete e inclusão de 2 milhões de hectares de áreas produtivas à malha ferroviária do Brasil. Esses serão os benefícios que agricultores das cinco regiões do País terão conforme forem sendo concluídos os 9,7 mil quilômetros de ferrovia, cuja finalização está prevista para 2011. Só este ano, já foram alocados pouco mais de R$ 3 bilhões para um trecho de 1,3 mil quilômetros da Ferrovia Norte-Sul, até a cidade de Anápolis, em Goiás. Quando pronta, a ferrovia sairá do Porto de Itaqui e cortará os Estados do Maranhão, Pará, Tocantins, Goiás e, em 2011, chegará ao município de Estrela d"Oeste, em São Paulo.

A Valec, empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, responsável pelas obras, já conta também com mais R$ 547 milhões em recursos para a Ferrovia de Integração Oeste-Leste no trecho que ligará Ilhéus ao Município de Luís Eduardo Magalhães, ambos na Bahia. Para essas obras está prevista a formação de 17,5 mil empregos diretos e 50 mil indiretos. "Com a crise, o governo tomou a decisão de colocar recursos públicos. Até o ano que vem grande parte da Norte-Sul e Bahia vão operar a todo vapor", garante, José Francisco das Neves, diretor presidente da Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., que afasta a possibilidade de interrupções nas obras mesmo com a postergação das licitações. Em 2011, após aplicar recursos da ordem de R$ 6,2 bilhões, a Valec entregará a parte final do trecho Ilhéus-Luís Eduardo Magalhães, que deve terminar 2009 faltando 500 quilômetros para ser concluído, e Anápolis-Estrela d"Oeste.

De acordo com Biramar Nunes de Lima, diretor do Departamento de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o foco do governo é o Estado do Mato Grosso, maior produtor de grãos do País, além de ser rico em outros recursos naturais como celulose e minerais para a produção de fertilizantes. O objetivo é investir mais em hidrovias e ferrovias, sem abandonar o modal rodoviário, gerando um equilíbrio na matriz de transportes para longas distâncias. Segundo Lima, até 2017 haverá um acréscimo de 40 milhões de toneladas de grão e 12,6 milhões de toneladas de carne à produção brasileira. A maior parte será destinada à exportação. "Se não tivermos capacidade de resolver questões de infraestrutura e logística não vamos conseguir", avalia.

Atualmente, os gastos com frete no Brasil correspondem a 20% do custo de produção, enquanto em países como Estados Unidos e Canadá o custo é de aproximadamente 7%. Segundo Lima, o produtor do Mato Grosso chega a receber até R$ 2 a mais por saca de soja transportada escoada pelas rodovias até Colinas de Tocantins, no Tocantins, e que de lá segue pela Ferrovia Norte-Sul até o Porto de Itaqui. "O Mapa entende que se resolver o problema do Mato Grosso outras regiões serão beneficiadas", disse. O diretor do Mapa, destaca a importância dos produtores terem alternativas para escoar a produção. "Só no dia em que ele estiver com isso nas mãos vai estar estabelecida a competitividade no setor". Hoje, sem a plena utilização dos modais o governo tem que subsidiar parte dos produtores, utilizando o prêmio de equalização.

O governo trabalha ainda para asfaltar um trecho de 400 quilômetros da BR-168, na divisa na região nordeste do Mato Grosso, que deve ser concluída até 2010, e mais mil quilômetros da BR-163, desde a divisa do estado até Santarém, no Pará, prevista para 2011.

Apesar dos esforços para diversificar a matriz de transportes, dos R$ 8 bilhões em recursos anuais que o setor recebe do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), cerca de 80% é destinado às obras rodoviárias. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), trabalha para expandir os 13 mil quilômetros de hidrovias no Brasil. Segundo José Sadok, diretor executivo da autarquia, o País tem 30 mil quilômetros a serem explorados. "Em 2009, teremos R$ 400 milhões para viabilizar a navegabilidade", disse.

A Vale, que em 2007 obteve a concessão de parte da Ferrovia Norte-Sul, se prepara para ampliar o volume de escoamento de grãos. Segundo Marcello Spinelli, diretor do Departamento de Comercialização e Logística, em 2009, o volume deve aumentar de 1,8 milhão, registrados no ano passado, para 2,2 milhões de toneladas. "Em 2014 serão 8,2 milhões", afirmou.