A avicultura é dependente, principalmente, no que se refere ao custo de produção do frango vivo, de insumos agrícolas – milho, soja e seus substitutos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que esta atual pode ser a maior das últimas três safras, aproximando-se de 800 milhões de toneladas. Notícia boa para o setor já que o milho representa mais de 60% da inclusão na ração e a soja mais de 30%. A conversão alimentar, ou seja, o quanto se gasta de alimento para produzir um kg de peso vivo é um dos itens de maior importância na composição do custo total dessa matéria-prima à indústria, como também a qualidade desses insumos associada ao manejo de campo, condição sanitária do plantel e potencial genético da linhagem utilizada. Estoques de passagem sairão de 139,17 milhões de toneladas para 141,49 milhões de toneladas. As exportações passarão de 81,76 milhões de toneladas para 84,32 milhões de toneladas. O Brasil tem a safra de milho estimada para 2009 em 54 milhões de toneladas e a exportação em 9 milhões de toneladas, com estoques finais de passagem elevados de 9,08 milhões de toneladas para 10,88 milhões de toneladas. A produção da China em 2009/10 segue projetada em 162,50 milhões de toneladas, a exportação em 500 mil toneladas e estoques de passagem em 57,14 milhões de toneladas.
A soja será a rainha da safra do verão 2009/10, levantamento nas vendas de fertilizantes, defensivos e sementes mostram a oleaginosa avançando sobre área de milho e algodão, uma vez que seus preços estão mais atraentes no mercado internacional. Expectativa de colheita recorde é o estímulo, também, ocorre por conta do espaço deixado pela quebra da safra de grãos da Argentina. O avanço da soja sobre o milho se dará em grande parte no Sul do País e também no Centro-Oeste. O plantio de grãos começa em setembro no Sul e para a soja, a expectativa é de que a colheita supere 64 milhões de toneladas, com uma área em torno de 22 milhões de hectares. Já o milho no verão ocupará, aproximadamente, 8 milhões hectares em 2009/10, uma queda de quase 7% em relação à 2008/09. Dos 620 mil hectares que deixarão de ser plantados, 410 mil serão reduzidos no Sul e no caso do milho, a recuperação da produtividade terá que compensar a queda na área. Para 2009/10, a previsão do USDA é de 87,06 milhões de toneladas de soja e para 2009/10 indica produção mundial de 242,07 milhões de toneladas, com estoques de passagem de 50,32 milhões. Na América do Sul, a projeção é de safra de 60 milhões para o Brasil e de 51 milhões para a Argentina. A China deverá produzir 15,4 milhões e importar 38,1 milhões de toneladas, 210,62 milhões de toneladas foram em 2008/09, estoques de passagem caíram de 41,04 milhões para 41 milhões de toneladas.
O milho nos Estados Unidos, permanece com uma projeção de produção de 80,54 milhões. Para a safra do Brasil, este volume é de 57 milhões de toneladas; Argentina em 32 milhões e os principais consumidores mundiais: China 16 milhões e importar 39,10 milhões de toneladas. O Brasil plantará no verão a menor área de milho desde a década de 1960, redução porque o produtor está caminhando para a soja, colocando uma pressão de produção grande na safrinha do próximo ano ao abastecimento interno, sendo a safrinha sempre uma incógnita em razão de clima, principalmente geadas. Perigosa a estratégia porque, se confirmada a tendência, haverá grande oferta de soja e queda na de milho e com este cenário, a situação vai estar mais favorável para os produtores de milho do que para os de soja. Os números confirmam: área destinada à soja pode subir para 22,8 milhões de hectares, enquanto a de milho deverá recuar para 8,3 milhões. Números preocupantes porque a Argentina, outro país importante na oferta mundial de grãos, deve elevar a área de soja para até 19 milhões de hectares e reduzir a de milho para apenas 2 milhões de hectares. Produtores brasileiros de soja têm notícias ruins também do mercado americano, onde a produção deve subir para 87 milhões de toneladas. Os principais produtores de soja das Américas devem atingir 214 milhões de toneladas da oleaginosa na safra 2009/10 e confirmado esse volume supera em 36 milhões ao da safra anterior, ou seja, o correspondente às importações da China, país que consegue influenciar os preços internacionais devido ao elevado volume de importações.
Diante desse cenário, já há previsões para uma soja a apenas US$ 6 por bushel – hoje o preço é de US$ 10,80 – e o produtor está olhando apenas para o momento atual, quando a soja é mais rentável que o milho. Este último tem altos estoques, exportações reduzidas e preços baixos. O mercado está sem liquidez. Olhando apenas para hoje, o produtor plantará soja. O Brasil tem um potencial de exportação de 8 milhões a 9 milhões de toneladas de milho no próximo ano. Se conseguir, os preços estarão aquecidos no segundo semestre de 2010. Se hoje os estoques estão folgados e os preços baixos, daqui a um ano a situação pode estar mais complicada na oferta desse produto. Mas se o clima for bom na safrinha do próximo ano e o País não conseguir exportar, o cenário para o milho, a exemplo do da soja, também poderá não ser satisfatório. Mas nem todas as previsões indicam para preços bons para o milho no próximo ano. Os Estados Unidos estão produzindo a segunda maior safra da história e terá 55 milhões de toneladas para exportação, o que pode inibir a presença brasileira no mercado externo. A avicultura, que conta com o apoio dos custos baixos de ração este ano, deverá ficar atenta para o ano de 2010 em razão dos dados acima.
Por Valter Bampi, médico veterinário e executivo avícola