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H1N1

Suíno em baixa nos EUA

<p>Gripe A derruba cotações futuras na bolsa. Contratos devem cair 33% até o fim do ano.</p>

A carne suína, proteína cujas exportações mais cresceram nos Estados Unidos nos últimos dez anos, foi “contaminada” pela gripe A (H1N1), errôneamente conhecida como gripe suína .

Os contratos futuros de suíno vivo, commodity com segundo pior desempenho em 2009, devem cair 33% até o fim do ano sobre os 44,65 centavos de dólar por libra-peso registrados na sexta-feira. As exportações dos EUA caíram 20% no primeiro semestre e encaminham-se para o primeiro declínio anual desde 1990, depois de o surto da gripe A em abril ter desencadeado restrições às importações dos EUA por parte da China e Rússia. A Tyson Foods Inc. paralisou abatedouros e os suinocultores americanos estão trabalhando sem lucro.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a gripe A contribuirá para uma queda de 11% no comércio mundial de carne suína neste ano, mesmo depois de cientistas afirmarem que o consumo do produto é seguro. Os estoques nos EUA atingiram nível recorde para o mês de junho, como resultado da queda nas exportações, recessão mundial e melhorias nos métodos de criação.

“O que fazemos com todos esses animais?”, pergunta David Kruse, consultor na CommStock Invetments Inc., em Royal, Iowa. “A indústria simplesmente não está estruturada para modificar a produção em resposta à queda na demanda. O setor é basicamente estruturado para quebrar. Produzirá suínos até ficar sem dinheiro.”

Depois de cair na semana passada para o menor preço desde novembro de 2002, os contratos futuros de suíno vivo podem ser negociados entre US$ 0,30 e US$ 0,32 a libra-peso em novembro, como resultado do excesso de oferta, disse Glenn Grimes, economista na University of Missouri, em Colúmbia.

Os fazendeiros estão perdendo entre US$ 30 e US$ 35 em cada suíno que vendem este mês e podem ficar no prejuízo até maio, segundo Grimes. A expectativa é de que mais 5 mil possam ter de abandonar o negócio. Só assim, o rebanho poderia encolher os 10% necessários para uma recuperação, disse.

“Alguns produtores basicamente nos disseram que liquidarão, em alguns casos, parte de seus rebanhos e, em outros, talvez todo o rebanho”, observou Gary Machan, vice-presidente de compras de carne suína da Tyson, que compra animais de cerca de 6 mil fazendas.

O declínio da demanda por carne suína cria uma espiral descendente, já que os processadores adiam o abate e os animais ficam nas fazendas, onde ganham mais peso e produzem mais carne.

Além da gripe A ter levado a restrições, a China parece não estar muito interessada em importar carne suína, afirmou Guo Huiyong, analista da Beijing Orient Agribusiness Consultant Ltd., em Pequim. “O mercado doméstico tem excesso de oferta e os preços despencaram.” Segundo ele, o governo estocou a carne para aliviar as perdas dos produtores, depois de os preços caírem, em média, 34% em relação ao mesmo período de 2008.

As importações chinesas de carne suína somaram 66 mil toneladas na primeira metade do ano, 70% a menos do que no mesmo período de 2008, segundo dados alfandegários. As exportações subiram 18%, para 43.464 toneladas.

“O veto da China às importações dos EUA relacionado à H1N1 é particularmente desconcertante e é um ponto negativo para todas as exportações de carne suína dos EUA”, afirmou Joel Haggard, vice-presidente sênior para a região da Ásia-Pacífico da Federação de Exportação de Carne dos EUA.

Na Rússia, os fazendeiros aproveitaram os vetos ligados à gripe A e a desvalorização do rublo para elevar a produção, segundo Galina Kochubeeva, representante em Moscou da Federação de Exportação de Carne dos EUA. A produção subiu 16% até junho, para 611,3 mil toneladas, segundo a Rosstat, a agência de estatísticas russa.

Desde setembro de 2007, os suinocultores conseguiram ter lucros em apenas dois meses, como reflexo do custo recorde com a ração visto em 2008 e da queda na demanda, neste ano. O setor perdeu quase US$ 4,5 bilhões, segundo o Conselho Nacional de Produtores de Suínos. Grimes avalia que a perda pode chegar a US$ 5 bilhões até o fim do ano. “Receio que um número bem grande de produtores terá de quebra” para que os preços subam, disse Grimes.