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Exportação

Barreiras para exportação

<p>Rússia adia decisão sobre cotas para compra de carnes de frango, suína e bovina do Brasil.</p>

Foi adiada mais uma vez a decisão da Rússia a respeito de uma possível descontinuidade de seu sistema de cotas de importação de carnes. Representantes do governo brasileiro já fizeram sete visitas ao país este ano para tratar do tema com o intuito de que não haja segmentação das compras do produto a partir do próximo ano, quando o sistema expira, caso não seja renovado. A proposta levada pelo Brasil, segundo o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Célio Porto, que chegou ontem (23/07) da mais recente missão à Rússia, será discutida na próxima semana, durante reunião multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra (Suíça).

“O que o Brasil quer é uma cota única, com apenas um tipo de tarifa. Assim, quem chegar primeiro ou for mais competitivo, leva”, explicou. Atualmente, a Rússia privilegia a União Europeia e os Estados Unidos, que, juntos, têm direito a 98% do mercado da carne de aves, 83% do de bovinos e 67% do de suínos. “O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e de boi e disputa apenas 2% do mercado (russo), no primeiro caso, e 17%, no segundo”, comparou. Os principais concorrentes diretos do Brasil, por esse sistema, são Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Argentina e Uruguai. O que o Brasil exporta fora da cota “outros”, em que está inserido, é sobretaxado. No caso do frango, o imposto é de 95%; no de bovinos, de 35%; e no de suínos, de 75%.

Ocorre que 50% das exportações de carne bovina brasileira são para a Rússia. “É o mercado do qual mais dependemos”, avaliou o secretário. A alegação da Rússia é a de que, com uma tarifa única, haveria uma oferta muito forte ou uma demanda exagerada pelo produto, o que, neste caso, poderia causar inflação, justamente em um momento de crise financeira internacional. Entendemos que o momento é de crise e que há uma grande variação cambial”, disse Célio Porto. “Concordamos com uma cota global, ainda que tenham forte subsídio para a produção doméstica, mas não aceitamos que haja uma cota carimbada por país”, continuou.

Porto salientou que um dos argumentos usados pelo Brasil na negociação é o de que 98% das exportações para a Rússia nos primeiros seis meses deste ano foram concentradas em carne, soja e açúcar. No período, houve uma queda de 38% no volume, que refletiu, segundo ele, não apenas o efeito do preço, mas também quantidade menor de importações. Já da Rússia para o Brasil, prosseguiu o secretário, a queda foi de 75% – o principal produto vendido para o Brasil é fertilizante. “O comércio está muito desbalanceado para o Brasil”, comparou.

O secretário lembrou que, da mesma forma que o Brasil lidera a proposta de mudança, seguido por Austrália e Canadá, há uma pressão grande do bloco europeu e dos Estados Unidos para que tudo permaneça como está. A expectativa do Ministério da Agricultura é a de que a resposta da Rússia finalmente seja dada na próxima semana, no encontro de Genebra. Ainda que não haja um limite formal para um aviso de mudança ou continuidade, é preciso de uma posição final russa até outubro a fim de não prejudicar o comércio do país com outras nações.