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Petróleo mantém preço do milho

<p>Em junho, o insumo teve boa incorporação de preço por causa do receio de prejuízo às lavouras nos Estados Unidos.</p>

Redação (14/07/2008)- A projeção de estoques maiores de milho nos Estados Unidos – que pressionaria a cotação do grão para baixo – foi neutralizada na sexta-feira pela nova escalada dos preços do petróleo. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulgou relatório no qual prevê que em agosto de 2009 os estoques de milho serão de 21,15 milhões de toneladas, 23% maiores que o estimado em junho.

Ainda assim as cotações do grão fecharam em alta (0,7%) na Bolsa de Chicago (CBOT) em US$ 6,8 o bushel. "Em junho, o milho teve boa incorporação de preço por causa do receio de prejuízo às lavouras nos Estados Unidos. Como o impacto na produtividade foi menor do que o mercado previa, a pressão é baixista. Se não tivesse o efeito petróleo o preço teria recuado de 14 a 20 centavos de dólar", avalia o diretor da Agrosecurity, Fernando Pimentel.
Mesmo com o dilúvio que atingiu o Meio Oeste americano, o Usda prevê uma produtividade de 148,4 bushels por acre, ante as 148,9 previstas em junho. "O mercado de energia está causando distorções que tornam os preços do milho irreais. Se a safra desse grão não tiver nenhum problema daqui em diante, há espaço acomodações dos preços entre 40 centavos de dólar a US$ 1 abaixo do que está hoje", acrescenta.

Mas a característica conhecida do Usda de "ajustar" estatísticas ainda deixa incógnitas no mercado. Fernando Muraro, da AgRural, questiona como os Estados Unidos vão deixar de exportar o volume anunciado no relatório. De 66,23 milhões de toneladas na safra 2007/08, as vendas externas de milho recuarão para 50,8 milhões de toneladas, uma diferença de 11,43 milhões. Já as de soja foram reduzidas de 31,16 milhões de toneladas para 27,22 milhões de toneladas no ciclo 2008/09, menos 3,94 milhões. "A oferta dos grãos está menor. Para equilibrar os estoques, o Usda corta a previsão de exportações. Como as estatísticas vão se adaptar à realidade não se sabe. Até o ano que vem, depois das eleições, tudo pode acontecer", diz Muraro.

Para Pimentel, as 15,37 milhões de toneladas previstas em queda de exportações não são um absurdo para um grande produtor como os Estados Unidos. "Só de produção de milho, serão reduzidas 30 milhões de toneladas da safra 2008/09. É normal que tire primeiro da exportação e não do consumo doméstico pois, se houver risco de desabastecimento no país, o mercado interno reage pagando mais", avalia o diretor da Agrosecurity.

O relatório do Usda deste mês previu também uma redução de 1,25% no uso de etanol para fabricação de milho em relação ao mês anterior. Carlos Costa, consultor de gerenciamento de risco da FCStone, explica que, devido ao preço alto do milho, as margens dos produtores de etanol estão negativas há alguns meses. Neste semana, com as correções na cotação do grão, houve um pequeno avanço para margens de 9 centavos de dólar por galão (3,785 litros), considerada ainda muito apertada. Esse cenário já se reflete nas estatísticas de fabricação de etanol nos Estados Unidos. Em abril, a produção foi de 2,681 bilhões de litros, 3% menor que a registrada em março. "Talvez, em todas as reduções de consumo apontadas pelo Usda, a de uso para o etanol seja a que mais vá se confirmar", diz Muraro.