Redação SI (29/09/06)- O grupo Nova América, líder no mercado interno de açúcar e um dos cinco maiores no setor sucroalcooleiro, tem uma fonte extra de obtenção de recursos, além da venda de açúcar e de álcool: a comercialização de créditos de carbono. Assim como acontece com outras usinas do setor, como Santa Elisa e Vale do Rosário, essa arrecadação a mais será possível sem que sejam necessários investimentos. Para conseguir esses recursos, a companhia já pode vender os 37 mil créditos de carbono que acumulou de 2001 até o final do ano passado.
Cada crédito pode ser vendido por até 13 euros, diz Marcelo Avanzi, gerente de controladoria da Nova América Agroenergia, empresa do grupo responsável pela área de créditos de carbono. Se vender o total de créditos que tem acumulado, a companhia poderá obter cerca de 480 mil euros, ou seja, engordará seu caixa em mais de R$ 1,34 milhão. É uma quantia razoável, ainda mais quando se recorda que ela entra sem que precisemos fazer investimentos a mais, além de ser uma forma de ajudar o meio ambiente, lembra Avanzi.
Como o grupo Nova América deve faturar R$ 1,4 bilhão este ano, a quantia a princípio pode não parecer significativa mas, como lembra Marcelo Avanzi, é duplamente vantajosa: Estamos colaborando com a sustentabilidade do planeta e arrecadando recursos a partir dessa atividade que beneficia a todos.
Ele conta que até 2001, como a maioria das demais usinas do setor, a Nova América utilizava seu sistema de geração de energia elétrica a partir do bagaço da cana para consumo dentro de suas unidades. A partir daí, surgiu a oportunidade de vender para terceiros.
A Organização das Nações Unidas (ONU) realizou estudos científicos mostrando que a energia elétrica produzida por biomassa colaborava com a redução do efeito estufa, lembra Avanzi. A emissão de carbono é zero quando se produz 1 megawatt/hora de energia a partir da biomassa.
A partir dessa constatação, as usinas do setor de açúcar e álcool do Brasil passaram a trabalhar para participar do mercado de crédito de carbono, em que empresas de países desenvolvidos principalmente da Europa compram créditos de carbono para cumprir suas cotas de redução de emissão de gás.
Avanzi recorda que já existe a possibilidade de fazer venda futura de créditos de carbono, com o crescimento e a sofisticação desse mercado, mas disse que a Nova América preferiu ainda não participar desse segmento porque nesse caso os créditos são vendidos com deságios, o que nem sempre interessa aos vendedores. Essa tendência vem sendo seguida pela maioria das usinas brasileiras de açúcar e de álcool que, por enquanto, preferem vender seus créditos de carbono no mercado à vista, já que acumularam uma significativa quantidade desses créditos desde 2001.
Mais uma usina
Além dos créditos de carbono, a Nova América tem planos de expansão para aproveitar as possibilidades de ampliação dos negócios em açúcar e no álcool. O grupo anunciou, por exemplo, que vai investir R$ 900 milhões em sua terceira usina, que será no Mato Grosso do Sul.
A previsão da Nova América é que a unidade entre em operação na safra 2009/2010 e que terá capacidade de produção de 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar quando estiver operando em plena carga, em dez anos. No início de suas atividades, a estimativa é de uma produção de 1 milhão de t.
Quando estiver operando a 100% da capacidade, a nova usina deverá produzir 330 mil toneladas de açúcar e 130 milhões de litros de álcool, para atender tanto o mercado interno quanto as exportações.