Redação AI (22/05/06)- Depois de subir vertiginosamente (25 centavos em apenas três dias, entre 8 e 10 de maio), o preço do frango vivo vai retrocedendo paulatinamente. Por exemplo, em cinco dias da semana passada perdeu 60% dos ajustes que havia obtido na semana anterior, o último deles também de cinco centavos, como os anteriores ocorrido no sábado. Assim, o produto que está sendo processado hoje nos abatedouros paulistas foi negociado a R$1,15/kg, valor que corresponde a uma queda de 11,5% sobre o preço de R$1,30/kg vigente há apenas uma semana e que, por sua vez, equivalia ao melhor preço registrado neste ano.
Os sucessivos recuos de preço do frango vivo justamente no instante em que se contava com uma firme recuperação do produto geram, agora, uma indagação: estará havendo, novamente, excesso de produção? A resposta é não pelo menos por enquanto. Senão vejamos:
Os frangos ofertados e abatidos na última semana (15 a 20 de maio) correspondem a aves provenientes de ovos incubados aproximadamente entre 6 e 11 de março (os famosos 70 dias ou 10 semanas do ciclo de produção do frango, como lembra freqüentemente o AviSite). Pois bem: esse foi, se não o pior (alguém já esqueceu?), um dos piores momentos vividos pelo mercado do frango neste ano, uma época em que estava indiscutivelmente clara a necessidade de se reduzir drasticamente a produção. E é pouquíssimo provável que naquele instante, contrariando o que vinha sendo preconizado pelo mercado e pelas lideranças de classe, os produtores tivessem optado por aumentar a produção. Muito pelo contrário, com certeza,. O que faz deste instante o momento de menor oferta de carne de frango dos primeiros cinco meses de 2006. Então, por quê o retrocesso nos preços?
O aumento de preços ao consumidor (em relação àquelas ofertas de liquidação de pouco mais de 30 dias) e a entrada da segunda quinzena atuam, sem dúvida, para deter qualquer evolução de preço. Mas o que derrubou o mercado foi a imobilização da população paulista frente ao clima de terror que se instalou em São Paulo na última semana. Ou, em suma, o que não deveria passar de um mero caso policial, paralisou a economia de, praticamente, todo o país. Assim, alimentos, avicultura, frangos foram apenas vítimas inesperadas do crime organizado.
Enclausurada, a população ficou impedida não só de comprar, mas também de freqüentar restaurantes, festas, banquetes. Resultado: teve que apelar para o que havia de estoque nas geladeiras ou freezers. Que, agora esgotados, terão de ser novamente preenchidos.
Embora necessária, é difícil que a reposição de alimentos ocorra nesta semana, porque o orçamento do mês já se esgotou. Mas na próxima semana, quando começa o pagamento dos salários de maio, o mercado deve sofrer firme reativação. Nada impede que o setor de alimentos experimente algo como um novo Dia das Mães.