Redação AI (09/03/06)- “A Embrapa não estabeleceu uma previsão da chegada do vírus de influenza aviária ao Brasil a partir de Setembro, não tendo a pretensão de fazer quaisquer previsões.
A Embrapa tem repassado informações que vem sendo veiculadas por especialistas de diferentes países e de organizaçõesoficiais internacionais da área de saúde humana e animal,as quais tem indicado haver evidências de que a disseminação da Ásia para a Rússia, Europa e África tem sido associada, em parte, a determinadas rotas demigração de aves. A ocorrência de migrações de aves da Europa para o Ártico, indo da Groenlândia para o Canadá e Estados Unidos seria um dos fatores de risco do vírus de influenza chegar a América do Norte. No caso do vírus H5N1 vir a chegar no hemisfério norte, a rota migratória que existe do hemisfério norte para o sul, pela qual as aves migram a partir de setembro para a América do Sul, poderá vir a ser uma subseqüente fonte de risco de chegada do vírus ao Brasil.
Estes dados não afirmam que o vírus chegará em setembro, mas apenas indicam uma das diferentes probabilidades de riscos de disseminação do vírus. Não há como prever exatamente quando, como e mesmo se o vírus H5N1 chegará ao Brasil. Em face de muitas incertezas de como e se o vírus poderá chegará chegar a América do Sul, todas as vias de risco – e estas incluem outros deslocamentos de aves, tem que ser consideradas e portanto dadas a devida atenção. Isto não significa de modo algum em elemento de pânico e de alarmismos tendo como base apenas previsões baseadas em probabilidades. Alguns vírus de influenza aviária de outros subtipos, diferentes do H5N1, mas também altamente patogênicos a galinhas já foram diagnosticados anteriormente nos Estados Unidos e estes vírus jamais chegaram ao Brasil, sugerindo que a migração de aves é um fator de risco mas que ainda não contribui para a chegada destes vírus ao Brasil.
O Canadá e Estados Unidos tem historicamente sido capazes de conter rapidamente a ocorrência de vírus de influenza altamente patogênicos e mesmo se o vírus H5N1 chegara estes países deve-se contar também com a probabilidade de que seus sistemas de controle possam minimizar os riscos de disseminação deste vírus.
Um outro exemplo a se refletir a respeito é o fato do vírus do oeste do Nilo Ocidental, que tem também como um de seus vetores importantes as aves, ter chegado aos Estados Unidos há alguns anos atrás utilizando a rota de migração leste-oeste do Ártico, o que comprova o papel desta rota migração como um risco para de outros vírus, entre estesos vírus de influenza aviária. Contudo, apesar de vir ocorrendo já há alguns anos naquele país o vírus do oeste do Nilo ainda não foi encontrado no Brasil, o que coloca em dúvida o que de fato poderá vir a ocorrer com o vírus de influenza aviária H5N1.
Há portanto muitas dúvidas ainda sobre o que de fato poderá vir a ocorrer, mas em face das dúvidas nunca se devem descartar todas as fontes de riscos por mais ou menos relevantes que venham a se tornar e por outro lado nem por isto se assumir que riscos implicam em certezas absolutas. Deve-se enfatizar também a diferença importante entre os riscos para a avicultura e a probabilidade de uma eventual pandemia humana. É importantíssimo neste momento ter-ser em consideração que o vírus H5N1 ainda não tem sido transmitido entre humanos. A chegada recente do vírus H5N1 na Europa e mesmo se vier chegar ao Brasil ainda não significa necessariamente uma pandemia na população humana.
O vírus H5N1 não é transmitido de aves silvestres para as pessoas e portanto as aves migratórias não devem ser interpretadas como o grande perigo à população. A infecção de pessoas tem como origem o vírus H5N1 transmitido de aves silvestres para aves domésticas tais como galinhas, patos, marrecos, perus entre outras, nas quais o vírus se adaptou e adquiriu a capacidade de ser transmitido a humanos. Portanto, as aves domésticas tem sido a fonte das infecções até hoje relatadas em humanos.
A pandemia ocorrerá se o vírus H5N1 se mantiver circulando em aves domésticas e desta forma mantiver condições de contínua evolução genética nestas aves. Uma contínua ocorrência do vírus nestas populações é que poderá inserir a capacidade do H5N1 de se transmitir eficientemente entre humanos. Portanto é de consenso que antes de tudo o vírus deve ser controlado nas aves domésticas, pelo pronto reconhecimento, eliminação e/ou controle das aves infectadas para assim reduzir as chances do vírus se disseminar e evoluir nas aves.
Neste momento na Europa, os casos de H5N1 tem se limitado a aves silvestres e a alguns casos de aves comerciais, sem nenhum caso em humanos, o que sugere que a eficácia dos países em controlar a doença nas aves, o que se pode especular que será muito mais viável em países desenvolvidos, terá um papel muito relevante no futuro comportamento do vírus, ou seja em determinar as chances deste vir a causar a doença em humanos de forma descontrolada e em escala mundial, ou seja em uma pandemia.
A pandemia não ocorrerá pelo vírus que poderá chegar por meio das aves migratórias, mas apenas no caso de vir a ocorrer a transmissão entre as pessoas. Todos os casos em humanos até o momento tem sido por contato direto com aves e até o momento o número de pessoas diagnosticadas como infectadas pelo vírus H5N1, assim
como o ainda reduzido número de países com casos em humanos ainda pode ser considerado muito baixo comparativamente a grande população das regiões onde tem ocorrido. Este quadro mudará na eventualidade de uma pandemia, mas neste momento não há ainda risco para população em geral, especialmente se nos centrarmos todos também na preocupação imediata mais do que imediata de se controlar e eliminar o vírus nas populações de aves domésticas. Outro aspecto importantíssimo de orientação para a população é o de que o consumo de carne de frango é neste momento sem dúvida seguro no Brasil. Mesmo na eventualidade da influenza aviária vir a ocorrer, as aves doentes produzidas pela avicultura comercial não são destinadas ao consumo.
O frango originado de frigoríficos onde o abate é feito sob inspeção do Ministério da Agricultura irá para consumo com a garantia de não oferecer risco de estar contaminada por influenza. O que deverá ser observado são os cuidados com carne e ovos de origem desconhecida e originados de abates caseiros de aves onde não há um sistema seguro, supervisionado por técnicos que verifiquem as condições de saúde das aves e mesmo nestes casos os riscos de contaminação humana pelo consumo de carne e ovos é eliminado pelo cozimento doméstico que atinge a temperatura de 60 graus centígrados suficiente para matar o vírus.