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Região Sul perde liderança na produção de grãos

<p>Último levantamento divulgado pela Conab mostra novo cenário.</p>

Da Redação 18/07/2005 – A safra que terminou de ser colhida é histórica para a agricultura brasileira: pela primeira vez a produção de grãos do Centro-Oeste ultrapassou a da Região Sul. Somente de soja, os Estados do Sul do país deixaram de colher 10 milhões de toneladas por causa da seca, das quais 6,9 milhões no Rio Grande do Sul, onde a quebra na safra da oleaginosa foi de 74,8%. A estimativa inicial de colher 22,337 milhões de toneladas se transformou em uma colheita de apenas 12,334 milhões.

Embora apressado pela estiagem que afetou a área mais meridional do país, o fenômeno já era esperado, e o avanço da agricultura na região tropical é irreversível.

Enquanto praticamente inexistem novas áreas para plantio no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, abundam em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás. Nos últimos 10 anos a área plantada cresceu de 36,9 milhões de hectares para 48,5 milhões no país, sendo que quase nada deste avanço ocorreu no Sul. E a tendência é de que a expansão das fronteiras agrícolas continue, puxada por uma demanda mundial por grãos que, segundo as Nações Unidas, deve dobrar até 2050.

Somente a China saltou de zero para 24 milhões de toneladas de soja importadas entre 1995 a 2004 diz Sávio Pereira, assessor técnico do Ministério da Agricultura.

Para atender a essa demanda o Brasil tem a maior área mundial agricultável ainda não explorada são 106 milhões de hectares, a maior parte no Centro-Oeste. Entretanto, o professor Geraldo Barros, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo, não acredita que a agricultura brasileira avançará sobre toda esta área e recomenda que a elevação de produção seja puxada pelo aumento da produtividade.

Se o crescimento decorrer somente da expansão de área, se dará acompanhado de forte elevação de preços, o que prejudicará a competitividade das exportações avalia Barros.

Por enquanto, alta produtividade tem sido uma marca da agricultura no Centro-Oeste. Ironicamente, a tecnologia de ponta utilizada nas lavouras da região é uma resposta a dificuldades como distância dos centros urbanos, infra-estrutura precária, com estradas deterioradas, solo menos fértil e, recentemente, ferrugem asiática. Por causa desses obstáculos, plantar um hectare de soja em Sapezal, Mato Grosso, custa R$ 671 mais do que em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento.

O fato de fechar o ano no azul ou no vermelho depende da produtividade, da tecnologia aplicada. Modernizar a lavoura é uma necessidade aqui diz Dario Hiromoto, superintendente da Fundação MT, que faz pesquisas na ra região Centro-Oeste.

Por outro lado, a agricultura no Centro-Oeste conta com alguns trunfos: clima estável, terreno plano e vastidão das propriedades, permitindo produção em escala.