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Grãos

<p>USDA reduz previsões para a safra brasileira e eleva estoques globais.</p>

Da Redação 10/02/2005 – Relatório sobre oferta e demanda de grãos nos Estados Unidos e no mundo divulgado ontem pelo departamento de agricultura americano (USDA) sugere que a atual pressão sobre as cotações de soja e milho no mercado internacional deve perdurar pelo menos até o fim de abril, quando o mercado concentrará o foco no desenvolvimento da safra 2005/06 dos EUA.

No caso da soja, alguns ajustes promovidos pelo USDA podem ser considerados “altistas” para os preços, mas o produto da soma de fatores alterados, segundo analistas, foi novamente “baixista”. Conforme destacou a Agência Rural, poderia ajudar a elevar o atual patamar de negociações a redução da estimativa para a produção brasileira em 2004/05, de 64,5 milhões de toneladas previstas em janeiro para as atuais 63 milhões. A redução da demanda doméstica no país – de 35,87 milhões para 34,17 milhões de toneladas -, contudo, serviu de contra-peso, e a ampliação da projeção do USDA para os estoques finais globais (de 60,80 milhões para 61,35 milhões de toneladas) acabou por predominar.

“A briga no mercado internacional é de foice, em virtude da demanda mundial fraca e curta”, afirmou Renato Sayeg, da Tetras Corretora. Ele lembra que, hoje, os estoques finais globais projetados pelo departamento americano estão mais de 70% acima do volume estimada há um ano, o que colabora para travar as negociações. “O mercado está em depressão. Tudo parece baixista e isso acontece porque não estamos habituados a ver um ritmo de comercialização tão lento”, disse Sayeg. Em Lucas do Rio Verde (MT), ontem a saca de 60 quilos saía por R$ 20,50. Há uma semana, era negociada por R$ 24.

Ainda assim as cotações encerraram a quarta-feira em alta na bolsa de Chicago, mas sustentadas por rolagens de posições especulativas. Os contratos para maio fecharam a US$ 5,1125 por bushel, queda de 4,75 centavos de dólar. Sayeg pondera, contudo, que ganha adeptos no mercado o grupo dos analistas que acreditam que os preços poderão beirar US$ 4,50.

Para o milho, o USDA também não ofereceu informações altistas. O órgão reduziu a previsão para a safra brasileira em 2004/05 de 42 milhões para 41,5 milhões de toneladas, mas ampliou a estimativa para a produção argentina de 17 milhões para 17,5 milhões e elevou os estoques finais mundiais de 114,96 milhões para 117,27 milhões de toneladas. “E as exportações americanas estão num ritmo menor que no ano passado”, disse Leonardo Sologuren, da Céleres. “Neste cenário, é de se esperar mudança na rota dos preços apenas a partir do fim de abril, com o plantio da nova safra dos EUA”, disse. Em Chicago, maio não acuou o golpe ontem e subiu 0,25 centavos de dólar por bushel, para US$ 2,03.

O trigo, cujos estoques finais sofreram leve ajuste para cima por parte do USDA, caiu em Chicago – maio perdeu 1,5 cent por bushel e fechou a US$ 2,99 -, enquanto o algodão, que teve o indicador reduzido pelo USDA, fechou em alta na bolsa de Nova York. Maio ganhou 16 pontos e foi a 44,28 cents.